OSAMA BIN ALVES
Bin Laden nasceu com cara de boa pessoa. Bin Laden era um homem cheio de humildade e de generosidade. Se não fosse a Kalash, parecia um pacifista. Até os inimigos tinham dificuldade em reconhecer-lhe malícia ou dureza. Não se lhe aplica o velho exemplo do nazi que ouvia música depois de sair do campo de concentração. Bin Laden aconchegava os filhos. Era um homem igual aos outros, um monte de contradições, como todos os humanos. Qual Schwarznegger, Bin Laden foi um exterminador. Mas a sério. O mito em que se tornou fez esquecer as contradições e o tempo fez esquecer o perigo da sua imagem e da sua empresa, a Alicaida, a mais bem sucedida marca do século XXI. Mais bem sucedida que a Coca-Cola. Bin Laden dava liberdade às mulheres e nunca oprimiu as filhas, excepto, infeliz, na pobreza e nas privações impostas por uma vida de guerrilha e fuga.
Chega!!!
Nesta altura do artigo da dona Clara Ferreira Alves no “Expresso”, desisti. Estava a começar a ficar cheio de pena do homenzinho, coitadinho, barbaramente assassinado pelas forças do mal. Depois, lá voltei, a ler, mas em pastilhas. Fiquei a saber o que ele fez em pequenino, em maiorzinho, maduro, etc.. A dona Clara é uma entusiástica biógrafa da boa, excelente pessoa que em má hora nos deixou. Bem documentada, sabedora, admiradora. Até a Alcaida, imagine-se, era uma organização humanitária.
Xiça!
O sacrifico final do herói, foi uma demonstração de coragem! Render-se seria impensável. Grande homem. Impoluto cidadão!
Pletórica de esperança, a articulista deixa uma mensagem final: A história do homem chamado Osama ainda não terminou.
Gaita!
Maus, maus, só os donos daquelas cabeças que, na Situation Room, assistiram à execução em directo.
Poça!
Para dar às pessoas um pouco de ânimo no meio deste luto pesado, o “Expresso”, lado a lado com a ilustre biógrafa, põe “um português da Alcaida”. Isto é, que já foi mas já não é da organização como está mesmo a ver-se.
Este “português” de eleição vem dizer-nos que o imolado herói vai ser o Che Guevara muçulmano.
Tem razões fortes para tal. Quem admira assassinos, admira o Guevara, não só o Guevara que matou a lutar, mas o que mandou assassinar prisioneiros à sua guarda, o que torturou, espancou, maltratou sem qualquer motivo e fora de qualquer conflito armado. Nas prisões do comunismo cubano, sobretudo.
Assim, fica o “Expresso” mais satisfeito na sua sede indómita de “informar”. Ainda bem. Não há nada como a boa consciência, sobretudo quando nos pode pôr mais longe de ser um alvo. Até porque aquela das caricaturas do Maomé foi um deslize que, a partir de agora, a Alcaida será tentada a perdoar.
8.5.11
António Borges de Carvalho