ACABOU-SE A PAPA DOCE
Para anteontem, os condotieri dos à rasca, ou do M12M, ou lá do que é, convocaram as massas para se pronunciar perante suas senhorias.
Ficaram, ao que diz a informação disponível, um dia inteiro à espera. Apareceram cerca de setenta pessoas, das quais para aí um quinto usou da palavra. Os “milhões” que desceram a avenida a 12 de Março foram para a praia, e fizeram eles muito bem.
Ainda segundo a informação disponível, nem suas senhorias nem os que foram aparecendo chegaram a qualquer conclusão sobre as “formas de luta” a programar. Um mijarete.
Espremido o limão, parece que continua de pé a única coisa que de pé já estava, isto é, a apresentação à Assembleia da República de uma iniciativa legislativa, para a qual 35.000 assinaturas são precisas.
Se tal proposta chegasse ao destino, e passasse, a precariedade passava a ser proibida, a malta ficava toda empregada até morrer, nunca mais saía do mesmo sítio, teria direito a diuturnidades e promoções automáticas, etc. Os desempregados, por seu lado, passariam a conhecer uma muito maior estabilidade na sua situação, isto é, o mais provável seria ficar desempregados para o resto dos seus dias.
Não se sabe onde é que os à rasca, ou M12M ou lá o que é, vão buscar patrões interessados neste maravilhoso esquema, e patrões que, querendo entrar nele, tenham dinheiro e disposição para pagar à malta fixa. O mais provável seria o desaparecimento dos patrões, o que muito agradaria ao camarada Louça, na sua infatigável luta “contra a burguesia”.
De notar que, na distinta audiência, os “capitães de Abril”, os tais que, dizendo querer libertar-nos, nos mergulharam no socialismo que 37 anos depois ainda inquina a nossa vidinha democrática, se fizeram representar, e deram aos petizes os seus gloriosos conselhos, o que muito nos diz da mentalidade de tais representantes. Deviam ser daqueles que começaram tudo por querer estabilidade para eles e precariedade para os outros.
A mesma malta, ou parecida, convocou, via Internet, uma colossal reunião de protestantes, em várias cidades ao mesmo tempo. Tudo somado, não passaram de “umas dezenas”, e só no Porto.
Duas boas notícias, a querer dizer que esmagadora maioria da malta já percebeu que os condotieri nada têm para dar. Querem é galarim.
16.5.11
António Borges de Carvalho