ASSINATURAS
Aqui há uns anos, ao IRRITADO, que ainda não era IRRITADO, era só irritado, saiu na rifa estar sentado na assembleia-geral de uma determinada companhia, cujo principal accionista era um certo banco.
Estava tudo numa boa. Era aprovar as contas e pronto.
Só que… só que o representante do tal banco, debruçado sobre a papelada, sem mais nem menos, bradou:
- Mas… não foi isto que eu assinei!
E prosseguiu, demonstrando por a+b que havia duas folhinhas no meio da coisa que tinham sido substituídas depois de ele ter assinado as contas, sem que nenhuma satisfação lhe tivesse sido dada.
O administrador delegado da empresa embatucou, tartamudeou umas inanidades, mas ficou claro que tinha metido a pata na poça.
Nada de muito importante se seguiu. Lá emendaram a trafulhice, o administrador delegado continuou a sê-lo, a coisa foi abafada, o representante do sócio maioritário, fulano de vasta carreira política, mudou de banco, em pronto.
Vem esta história à cabeça do IRRITADO, porquê?
É fácil, tão fácil como ler os jornais.
O maior aldrabão da história do continente europeu, nado e criado lá para as beiras, Pinto de Sousa de seu nome, assinou vários papéis. Desses, deu um a subscrever aos interessados, e “esqueceu-se” de lhes mostrar os demais.
Dos que não sabiam dos outros papéis, um disse que o caso não era tão grave como acha o IRRITADO. O outro exclamou: caramba!, e ficou a falar sozinho.
Daqui se prova que há três opções. Entre um tipo totalmente indigno (o senhor Pinto de Sousa), outro que não se indigna (o senhor Portas), e um terceiro que comete o soberbo erro de se indignar (o senhor Passos Coelho).
Como vêem, a escolha é fácil. Ou querem ficar com o mesmo administrador delegado?
29.5.11
António Borges de Carvalho