BIOLOGICES
Foi descoberto, sem margem para dúvidas - é o que se diz por aí - que a letal bactéria E.coli tem origem numa exploração “biológica”, isto é, num produtor que declara e atesta a “pureza” dos seus produtos, que garante não usar nenhuma das horríveis descobertas da humanidade - coisa ordinária, esta humanidade moderna, científica e tecnológica - tais como adubos, pesticidas e outras abominações.
Fica provado que as tais produções “biológicas” não garantem coisíssima nenhuma no que à higiene e à saúde se refere.
A única coisa que garantem é que você compra um produto mais ou menos igual a todos os outros mas mais caro e tão ou menos seguro que eles.
Agora, meus caros, imaginem o que aconteceria se a tal bactéria tivesse surgido numa exploração, por exemplo, de vegetais transgénicos.
Ainda que não haja registo de mortes causadas por tais alimentos, a esta hora, os jornais, as televisões, os governos, as irmãs da caridade, o Greenpeace, teriam já montado uma campanha universal contra os malefícios dos transgénicos e as multinacionais que vivem à custa da saúde de cada um. A União Europeia teria já emitido quatrocentos e trinta e dois regulamentos contra a coisa, a OMS tinha posto trezentos “cientistas” em Genebra a tratar do assunto, a Liga da Protecção da Natureza, em consórcio com a DECO, tinha reunido inúmeros “especialistas” no Estoril para estudar as formas de combater a praga, o barbaças da saúde tinha feito duas conferências de imprensa, os “Verdes”, leia-se, o PC, tinham já convocado manifestações de protesto em todas as capitais de distrito contra mais este abuso do capitalismo monopolista, latifundiário e imperialista, etc.
No caso em apreço, nada acontece. Nem uma palavra é ciciada. Trata-se de produtos “biológicos”, protegidos pela religião universal dos “puros” dos “ecologistas”, dos “protectores do planeta” e de outros idiotas a cuja ditadura o mundo parece estar submetido.
Com universal aplauso, os “biológicos” continuarão impunemente a cultivar alfaces docemente “estimuladas” por “produtos naturais”, tais como caca de cavalo e água chilra.
Pouco há a fazer a este respeito. A “fé” é a fé. Não se discute. Não se põe em causa. Não se questiona. Paga-se, e acabou-se.
Os incréus como o IRRITADO são classificados pelo politicamente correcto como indivíduos sem escrúpulos, hereges, inimigos da “natureza” e outros epítetos da moda.
Que se lixe. Nestas matérias, o IRRITADO não deixa de dizer de sua justiça.
15.6.11
António Borges de Carvalho