O QUE AÍ VEM
Temos assistido, ainda o governo não tomou posse e ainda o PS não tem chefe, a múltiplas declarações do Seguro, do Assis e de outros actores menores, todas no sentido da manutenção da “filosofia” “democrática” gloriosamente introduzida pelas cassetes do senhor Pinto de Sousa. As quais, ou muito me engano ou nos dizem que, partido o veneno, ficou a peçonha.
“Não vamos deixar o governo à vara larga”, “não vamos andar com o governo às costas”, são algumas das delicadas asserções das muitas já produzidas pelo socretinismo instalado.
Várias conclusões há a tirar.
A primeira diz-nos que o PS, ao acertar agulhas com a trempe numa altura em que já tinha a certeza de perder as eleições, fê-lo de forma a, aceitando prazos inacreditáveis, dificultar o mais possível o trabalho a quem se seguisse. Uma vitória do partidarismo na sua mais rasca expressão.
A segunda revela que, começando por dizer que ia fazer uma oposição”construtiva”, se prepara para a fazer tão destrutiva quanto possa.
A terceira mostra que o PS, no que se refere a reformas da saúde, do trabalho, da educação, etc., bem como à da Constituição, é tão atrasado mental como o PC ou o Bloco, isto é, anquilosou-se nas patacoadas do estado “social” à moda do socialismo estatista. Marcelo Caetano, se estiver nalgum lado, deve estar agarrado à barriga, perdido de gozo.
A quarta, prova à evidência que o proclamado “diálogo”, a vendida concertação, têm hoje o mesmo significado que têm tido desde há 6 anos: são puras mentiras.
A esmagadora maioria dos portugueses, incluindo muitos eleitores do PS, julga-se no direito de ter alguma esperança no novo governo.
Antes, porém, que aconteça seja o que for, de bom ou de mau, já os futuros manda-chuva do partido lançam o seu coro de ameaças contra tudo o que possa viabilizar o que eles tornaram inviável.
O PC, como todos, até o próprio, reconhecem, continua agarrado a fórmulas do princípio do século passado e não é capaz do mais pequeno olhar para o mundo, para o futuro, ou de se ver ao espelho.
Com agenda ligeiramente diferente, o PS está na mesma: a Constituição é um espantalho da esquerda, intocável à tord ou à raison, destinado a deitar por terra seja o que for que os eleitores tenham escolhido e que signifique avanço, progresso ou hipóteses de saída do atoleiro, isto em favor do estúpido bloco de granito da sua ideologia, já de si falsa como Judas, troglodita e trafulha. O Estado “social” é outro pedregulho, unívoco e imutável, o qual, mesmo que arruinado, ou é como eles querem ou não é de maneira nenhuma.
O PS vai bloquear tudo o que representar um toque, mesmo que ligeiro, na aplicação das suas falidíssimas receitas. E só mudará seja o que for quando for outra vez governo (t’arrenego!), pressionado pelo “estrangeiro”, ao mesmo tempo que continuará a dizer o contrário.
É isto o que, seguramente, há a esperar do Seguro, é isto o que, asistidamente, será praticado pelo Assis.
O socretinismo continua e continuará a fazer estragos. Esta gente não só é tetraplégica mental como gosta de do ser. Ideias novas, refrescadas, em dia, nem pensar!
18.6.11
António Borges de Carvalho