FRACTURAS
As virtuosas almas do nacional-comunismo andam inquietas de tão surpreendidas e chocadas com a zanga entre o chefe, ainda abananado com os resultados eleitorais, e o seu notável ex aderente senhor Tavares, virgem ofendida na sua pureza.
O barco abanou, o ratito deu de frosques. Um horror!
As almas não percebem, coitadas, que se tratava de uma união de facto, anulável segundo a vontade do freguês. Coisa que, por conseguinte, não podia estar mais de acordo com a filosofia do partido. Era fracturante, fracturou!
Já o camarada Fernandes tinha feito o mesmo. Ao primeiro abanão – os contentores do Coelho, apoiados por ele e pelo chefe Costa sob inspiração robeirotelosa – o homem tinha mandado o Bloco `as urtigas, guardando, intacto e renovável, qual energia da moda, o tachito.
O Tavares foi mais longe. Aproveitou uns lapsos, uns mal-entendidos, umas querelas de alcova, e pumba!, ou pimba!, aliou-se aos verdes melancia do camarada Cohn Bendit! O importante e natural seria, e foi, sair do barco, ora batel, e conservar intacto o seu precioso euro estipêndio. Nobre atitude, a fazer jus, ele também, aos mesmos fracturantes valores do Bloco.
O Bloco ensinou-o a fracturar, ele fracturou.
As virtuosas almas não conseguem suportar a dor que lhes causa ver as suas tão generosas ideias dar resultados como estes.
Desta humilde tribuna, o IRRITADO declara compreender as suas mágoas e aconselha-as a estar atentas ao que vai seguir-se.
Cheira que o camarada Tavares, mais cedo ou mais tarde, fará uma gloriosa entrada no PS, partido plural e democrático, com muito mais tachos `a disposição que o barquito do Louça.
Veremos.
24.6.11
António Borges de Carvalho