OTÃO DE HABSBURGO E A PEQUENEZ MENTAL
Morreu o herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro.
Tinha sido banido, exilado, humilhado. Como Dom Manuel II, não esqueceu nem a Pátria, nem as suas responsabilidades históricas, nem a sua dignidade.
Foi feroz inimigo da tirania nazi e, passadas as tremendas, para ele, consequências do republicanismo, foi, entre outras missões e funções, distintíssimo e clarividente deputado europeu.
As suas pátrias prestaram-lhe nacional e oficial homenagem. Autoridades políticas, forças armadas, povo, uniram-se num último adeus a um grande homem e, sobretudo, ao mais alto representante da sua História, a um cidadão emérito, a um valor nacional. As bandeiras do Império foram hasteadas e honradas como bandeiras nacionais que nunca deixarão de ser.
As nações austríaca e húngara deram-lhe as suas mais nobres sepulturas.
Ultrapassadas querelas do passado, os homens de honra unem-se à volta dos seus maiores.
Vem isto a propósito do que se tem passado em Portugal.
Por cá, o que é mau não se ultrapassa. Continua a alimentar os sentimentos rascas dos modernos próceres da República.
Quando foi prestada homenagem ao Senhor Dom Carlos I, no centenário da sua morte, o Presidente Sampaio impediu que uma banda militar lhe prestasse as devidas honras.
A bandeira azul e branca é considerada, não como uma bandeira nacional, mas como símbolo de politiquice saudosista.
A Constituição, na primeira frase do seu primeiro artigo, reza que “Portugal é uma República” como se, antes de tal coisa, nada tivesse havido. Portugal, na língua mental de trapos e nos conceitos desta gente, com mais de um século de estúpido revanchismo, deixou de ser o que era desde Afonso Henriques: uma Nação. Passou a ter nascido, não com aquele Rei, mas com o Afonso Costa! Deixou de ser, ou de ter sido, Nação, para passar a ser República.
Mais rasca que isto, não há.
18.7.11
António Borges de Carvalho