CALA-TE, Ó PAULO!
Desde há muito vem o IRRITADO pedindo ao governo que se deixe de palavreado.
Como não sabe o que está para vir, o melhor que tem a fazer é só falar para anunciar coisas concretas e não intenções. De intenções está o inferno cheio. Por outro lado, nada há de garantido na situação em que estamos. Andam por aí surpresas, buracos financeiros, influências externas, a dona Ângela, o senhor Nicolau, o senhor Barak, e tantas outras gentes e coisas a merecer confiança nenhuma.
Vem isto a propósito das declarações do MNE sobre os cortes na despesa. Diz ele que tais cortes, a revelar em Setembro – o PM tinha dito que era no fim de Agosto… - não vão atingir nem salários nem pensões.
A intenção é bonita. Mas como pode o senhor Portas (Paulo) garanti-lo? Não pode.
Antes de mais, porque não se acaba com multidões de “organismos” sem acabar com os empregos das multidões de fulanos que vivem à custa deles. Dir-se-á que a sua grande maioria é de funcionários públicos em “comissão de serviço”. Neste caso, como não é possível mandá-los para casa, voltarão aos lugares de origem com o respectivo ordenado, evidentemente inferior ao que tinham nos “organismos”, ou vão para algum quadro de excedentes, ganhando ainda menos. Os restantes... os restantes recebem uns euros e vão para o desemprego.
Por outro lado, se as coisas correrem mal, onde se pode ir buscar dinheiro para pagar dívidas se não se for às que são, de longe, as maiores de todas as despesas, salários e pensões? Queira o Portas (Paulo) explicar isto.
Dirão os camaradas Louça e Jerónimo que preciso é atacar as grandes fortunas. Pois. O problema é que o ataque a tais fortunas – o IRRITADO não vai contra, dependerá de como é feito - por um lado, nem de longe resolve o problema e, por outro, pode ter consequências dramáticas na economia.
O senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros que, substancialmente, pouco ou nada tem a ver com estes assuntos, não devia falar deles, sobretudo não devia fazer promessas que não tem poder para cumprir nem sabe se poderão ser cumpridas.
Já não era a primeira vez que as circunstâncias, presentes ou supervenientes, tornaram necessário meter promessas na gaveta.
Há que aprender com isso em vez de andar a mandar bocas politicamente idiotas. Já tivemos seis anos disso!
Ó Portas, não achas que já chega? Vê lá se te calas!
15.8.11
António Borges de Carvalho