NA TERRA DO VASCULHO
Numa atmosfera de escandaleira, andam os plumitivos da ordem a esmiuçar a bisbilhotice legal dos rendimentos dos membros do governo. Não sei porque carga de água se não fez o mesmo com os dos do governo socialista, mas fica a interrogação para que, quem queira, responda ou imagine.
Com nomes, fotografias, cargos, gráficos, chavetas, cores, páginas sem fim, os jornais escarrapacham, no cumprimento da “legalidade” e da “transparência”, os rendimentos declarados pelos tais membros do governo. Como se se tratasse de crime de lesa Pátria ganhar o que ganharam!
O IRRITADO fez umas continhas. Com as devidas incertezas, mas ciente de não andar longe da verdade, o IRRITADO concluiu, a partir dos rendimentos publicados de 45 membros do governo, o que segue:
- Após impostos, os 24 membros do governo com rendimentos abaixo dos 100.000 euros, levam ou levavam para casa ao fim do mês, em média, 2.700;
- Nos 13 que declaram entre 100.000 e 200.000, a média é de 6.100;
- Os 7 que se ficam entre 200.000 e 347.000, teremos 7.100;
- Finalmente, há 1 felizardo com 36.500.
Em resumo, com a excepção de um deles, que pode ser considerado rico, todos os outros são classe média, ou média alta, ou altinha.
O que há de anormal nisto? Por que carga de água se anda a satisfazer a curiosidade mórbida das pessoas com assuntos que a ninguém, senão aos próprios, dizem respeito?
A única conclusão menos feliz que dos números do IRRITADO se pode tirar é que, infelizmente, há 24 cidadãos que, por ser do governo, ganham mais do que na vida “civil” - o que não é uma boa notícia -, cerca de 20 ficam mais ou menos na mesma – o que não é boa nem má notícia – e há um herói que vai perder dinheiro – o que é uma notícia boa.
E se nos deixássemos de vasculhar na vida desta gente e nos ocupássemos a exigir a investigação daqueles que, na cabeça de todos nós, de certeza certezinha meteram a mão no baú?
30.8.11
António Borges de Carvalho