CALAI-VOS
Numa arrancada algo estranha, tem vindo o ministro da defesa a vituperar publicamente as reacções dos chefes das Forças Armadas às sentenças dos Tribunais que infirmaram elementares pricípios da disciplina militar. Rezam os jornais que o ministro, pública e sonoramente, os mandou calar e os declarou incompetentes para se pronunciar sobre o assunto. Isto é, o ministro acha óptimo que um sorja qualquer venha, aos berros, com os seus sequazes, “passear” para a rua, mas não julga legítimo que os chefes militares ontinuem a considerar esse tipo de atitudes como não conformes às normas próprias da Instituição por que são responsáveis.
Não me surpreende a atitude do ministro porque, neste governo, já não há nada que me surpreeenda.
Quanto aos chefes militares, não direi o mesmo. É que, perante a inacreditável atitude do ministro, outra solução lhes não resta que não seja demitir-se, e demitir-se em bloco. Por uma questão de dignidade pessoal, com certeza, mas sobretudo porque seria um serviço de altíssima importância que prestariam às Forças Armadas e ao país. Se o governo quer colaborar na destruição das veras bases da Instituição, que o faça sozinho. Ou que se cale.
António Borges de Carvalho