OU HÁ MORALIDADE OU COMEM TODOS
O nosso inacreditável PGR anunciou, com ribombante publicidade, que vai perseguir criminalmente o governo da Madeira, por “crime de ocultação de dívidas”.
De acordo. Se há suspeitas, então que se investigue, julgue, e puna se, for caso disso.
Fica, no entanto, uma pequena dúvida: então, e os outros?
Então, e um senhor que andou 6 anos a enganar-nos com as contas, a começar no “défice” aldrabado que encomendou ao camarada Constâncio, a continuar nos gritos que propagandeavam uma baixa no défice no ano em que o aumentou (cf. Eurostat), a continuar em anúncios mirabolantes, a maior parte deles sem qualquer realização que lhes correspondesse e em declarações demagógicas de empreendimentos e realizações que sabia de ciência certa não ter dinheiro para realizar ou que endividaria o país até à exaustão se os realizasse, que contratou as mais ruinosas parcerias, que acrescentou a tudo isto os escândalos académicos, financeiros e de tantas outras naturezas, as manipulações informativas, as interferências em empresas privadas para sanear quem lhe não interessava, etc., etc., etc.? Quantas dívidas ocultadas, quantos problemas encapotados, disfarçados, cobertos por retórica aldrabona, quantos meses de desgraça escondida, obrigando o país a recorrer a ajuda um ano mais tarde do que (ele sabia!) era necessário?
O nosso inacreditável PGR cohonestou a queima de provas que outros magistrados consideravam conter indícios criminais, passou por cima de manipulações diversas, perseguiu os seus próprios colegas que se atreveram a pôr na mesa meia dúzia de verdades, não investigou o “caso do canudo”, com evidentes e claríssimas provas de fraude, impediu instâncias judiciais de prosseguir investigações, protegeu sem vergonha nem pejo o primeiro-ministro da época, etc., etc., etc.
Agora, atira-se como um lobo às canelas do Alberto João. Pois que se atire, mas que seja, ou tenha sido, coerente, como é o seu indeclinável dever!
O primeiro pedido que o IRRITADO fez ao Dr. Passos Coelho por alturas da sua eleição foi que tratasse com o Presidente da República da urgentíssima substituição do PGR.
Agora que, para quem ainda acreditasse na isenção do senhor, fica à saciedade demonstrado que não a tem, o IRRITADO renova o pedido atempadamente apresentado.
Substituam o PGR por alguém que, além de perseguir o Dr. Jardim, ressuscite as fraudes universitárias do senhor Pinto de Sousa, o nebuloso caso da sucata, o inacreditável processo do Freeport, as escrituras do Heron Castilho…
Alguém que corte a direito, que não se escude em parlapatés e comunicados contraditórios, que restaure a moralidade das instituições, que contribua para nos fazer acreditar que há Justiça em Portugal.
21.9.11
António Borges de Carvalho