NÓS E OS OUTROS
Andamos há meses a ouvir os partidos comunistas, acompanhados por inúmeras luminescências da Pátria, dizer que as medidas de austeridade vão arruinar a economia, acabar com a saúde e com a educação e precipitar o país na maior das misérias. Até que venha - não é o que diz o Jerónimo? - “uma política de esquerda” salvar a situação, mandando o FMI àquela parte, fechando o BCE, fazendo manguitos à UE, etc. Tudo então será um mar de rosas.
Esta malta tem tido um argumento de peso: a Irlanda, que foi a primeira a alinhar no tenebroso esquema “neoliberal”, ajudando os bancos, baixando 15% dos salários, etc. e tal, está de rastos!
O pior para esta malta já não é assim. Passados dois anos de austeridade, a economia irlandesa, segundo os dados do Governo, do Banco Central da Irlanda, do FMI, da Reuters e da ESRI, cresceu em média 1,2% em 2011 e vai crescer 2% em 2012!
É claro, dirão os mesmos, que nós não somos a Irlanda (só éramos enquanto a Irlanda não crescia), pelo contrário, o nosso termo de comparação é a Grécia, que está de rastos.
Têm alguma razão. É que, enquanto os irlandeses perceberam o que se passava e apertaram - continuam a apertar - o cinto, os gregos andam entretidos a fazer greves e a partir a mobília. Nós, neste aspecto, vamos ser mais parecidos com a Grécia do que com a Irlanda. Os camaradas da UGT e da CGTP já andam a pensar em greves gerais, manifestações e outras macacadas, ou seja, no quanto pior melhor, a fim de comprovar as suas teses.
Ou o bom senso das pessoas resiste a esta gente, ou então como na Grécia é que vai ser.
O IRRITADO não sabe se as medidas do governo são as melhores. Sabe, sim, que, se não fossem as que são seriam outras com os mesmos efeitos.
O IRRITADO não sabe se as medidas do governo vão dar bom resultado. Mas sabe que o parlapaté desta gente dará, garantidamente, um resultado bem pior.
17.10.11
António Borges de Carvalho