MALTA FINA
Após três dias, pelo menos, de impiedosa perseguição movida pelo jornal do amigo Oliveira, devidamente secundado pelo “serviço” público de televisão e por outros que tais, a coisa começou a dar resultado:
- Há políticos que já abdicaram de subsídios e outras coisas a que legalmente têm direito mas que causam a maior das impressões ao povo.
- O PSD e o CDS, consta, vão inserir no orçamento umas emendas destinadas a lixar os ex-colegas, dos seus partidos e dos dos outros, pelo menos aqueles que, para além da pensão ou subsídio, recebem “altos vencimentos”.
- O povo viu os seus mais profundos sentimentos de rancor e inveja devidamente respeitados.
- A política em geral viu-se, a prazo, servida por cidadãos de ainda pior qualidade que os actuais.
Animados por estes desenvolvimentos, os anónimos do costume, pelo menos na Net, descarregaram uma saraivada de mensagens e iniciativas “moralizadoras”, vituperando inúmeros senhores a quem os respectivos patrões (privados) pagam o que combinaram, como se os respectivos patrões fossem parvos e como se alguém tivesse alguma coisa com isso.
É curioso notar que, durante o domínio do PS, nunca tais iniciativas tiveram lugar, isto é, para além das justas bocas sobre as malfeitorias universitárias, imobiliárias e várias do senhor Pinto de Sousa, não se assistiu a uma perseguição generalizada como a actual. Há quem diga que a grande “fundação” do PS - a central de informações e contra informações - continua a funcionar em pleno, mesmo que isso venha a afectar um ou outro camarada.
Sem prejuízo da alegada necessidade de moralização e de poupança orçamental, o que estes desenvolvimentos revelam é a qualidade e a nobreza de sentimentos dos media, a suplantar com afinco os do anónimos do costume, usando os mesmos critérios e acrescentando ao virtual oportunismo dos políticos o de uma série de cidadãos que não têm nada a ver com o assunto.
Dirá quem isto ler que o IRRITADO acha muito bem que se acumule, à fartazana, reformas e outras mordomias.
Não acha. Acha que o que é legal, é legal. Acha que quem se aproveita do que é legal defende legitimamente os seus interesses. Acha que a lei devia ser alterada, deveria haver limites, como em noutros países que bem conhece, sobretudo por via fiscal.
E acha mais três coisas, pelo menos:
- Que tais limites se deviam aplicar a rendimentos públicos, a partir de certos montantes, jamais a rendimentos de trabalho privado ou de previdência pessoal, sendo que esta devia ser fiscalmente premiada;
- Que o governo se devia ter preocupado a tempo e horas com o assunto - para além das monumentais bordoadas que já deu no IRS e noutras coisas - isto, ainda que não se saiba se já o fez nem em que termos;
- Que os promotores da campanha ora em curso estão mais preocupados em dar vazão às suas raivas e invejas que em moralizar seja o que for, estão mais preocupados em vender jornais que em melhorar o orçamento, estão mais preocupados em potenciar a “rebelião das massas” que em melhorar seja o que for.
Uma malta do quilé.
24.10.11
António Borges de Carvalho