CAÇA AOS ELEFANTES BRANCOS?
Há matérias em que o governo parece ter perdido a coragem.
O romance da RTP conheceu agora um dos mais negros - para nós - capítulos da sua longa história.
A pobre empresa, por exigência governamental, vai passar a receber uns míseros cento e cinquenta milhões de euros por ano, acrescidos, como é de timbre, dos impostos que pagamos nas facturas da EDP, mais umas centenas de milhões. Continuará a ter as receitas próprias da publicidade e, como “perderá” um canal, ficará tudo na mesma, como é evidente. Menos despesas menos receitas, mesmo resultado.
Literalmente na mesma. É que, como sempre aconteceu - à excepção dos curtos tempos do Almerindo - a RTP continuará a não cumprir “plano” nenhum, o governo ver-se-á obrigado a ter que aumentar as “indemnizações compensatórias” e nós continuaremos a pagar que nem uns leões por uma pessegada que não interessa a ninguém.
Não se sabe o que passou pela cabeça do ministro Relvas, ainda menos por que carga de água o Primeiro-Ministro, mais inteligente que ele, terá aceite a “solução” encontrada.
Parece que, feitas as contas de maneira corajosa, seria possível, com os custos de dois anos de actividade deste elefante branco, mais os proventos da venda do edifício e do restante património da coisa, se poria aquela malta toda na rua sem grandes chatices e se aboliria este horrendo sorvedouro sem que ninguém desse por isso ou sofresse insuportáveis prejuízos.
Mas isto, meus amigos, são bocas do IRRITADO, que de contas não sabe nada, de televisão ainda menos, não é?
26.10.11
António Borges de Carvalho