OPINIÃO CIENTIFICAMENTE FUNDAMENTADA
Há uma cara a que nos habituámos porque a costumávamos ver na televisão, a espreitar por trás dos ministros, pescocinho oblíquo para caber no caixote.
Poucos saberiam o nome do homem, pelo que os seus esforços televisivos saíram gorados.
Mas não perdeu pela demora. De repente, eis que salta, vigoroso, colérico, intrépido, a clamar de sua justiça.
Com toda a razão, é de reconhecer. É que o homem ultrapassou, cientificamente, os mais elevados génios que a humanidade já conheceu e pôs de rastos políticos, economistas, banqueiros, catedráticos, investigadores, cientistas de várias especialidades, matemáticos e tantos outros que tinham propalado erróneos números e demonstrações.
Há quem diga que o homem foi muito para além de resolver o problema da quadratura do círculo ou a peregrina questão do sexo dos anjos.
Respeitosamente, citemos o nome de tão alto representante da inteligência da Nação, pela primeira vez bem visível para toda a gente: Paulo Campos!
O génio sem par, o notabilíssimo espreitador de caixotes electrónicos, descobriu, imagine-se, que as parcerias público privadas em boa hora celebradas pelo governo do senhor Pinto de Sousa, ao contrário das anteriores, não nos vão custar nem mais um cêntimo.
Indignado com a “cabala miserável”, urdida por gente de somenos, o nosso inigualável pensador pegou nos números que toda a gente, burra e mal intencionada, tem na cabeça - 14 mil milhões de euros - e reduziu-os a zero. Zero!
Precisamos de homens deste calibre! Para quê o FMI e os outros? Para quê empréstimos, dívidas, juros e outras trafulhices? Entreguem o assunto ao Campos e ele demonstrará, onde for preciso e perante seja quem for, que não devemos nada a ninguém, nem das PPP’s nem seja do que for!
A Comissão Europeia, o Conselho, o FMI, o BCE, a Academia das Ciências de São Petersburgo, a dona Dilma, o camarada Jerónimo, a Sorbonne - ora enriquecida com a augusta presença do senhor Pinto de Sousa -, a associação dos ciganos de Portugal e as mais distintas organizações nacionais e internacionais curvar-se-ão, mergulhadas em sentimentos da mais alta admiração, perante a luminescente opinião de tão ilustre português!
Como, desde ontem, passou a ficar claro, não devemos nada a ninguém nem precisamos de dinheiro. O senhor Pinto de Sousa e a sua equipa deixaram os cofres cheios, as auto-estradas estão pagas, os hospitais também, a Segurança Social está cheia de bago, e assim sucessivamente, num mar de felicidade e riqueza!
Viva o Campos! Viva a República!
27.10.11
António Borges de Carvalho