CARTA ABERTA A FERNANDO MADRINHA
Segue texto de uma mensagem email nesta data enviada ao respeitabilíssimo jornalista e comentador Fernando Madrinha.
Caro amigo
Há muito não comentava os seus artigos que, como sabe, nunca deixo de ler. Não posso deixar de lhe deixar uma observação sobre o seu "Abreviar o Sufoco", publicado no último Sábado.
Isto porque me não parece próprio de si entrar no universal coro de louvaminhas ao actual governo, pelo menos pelas razões que invoca.
Como v. diz, factos são factos.
Sobre a questão do défice, aqui vão alguns factos:
1. O dr. Cavaco pegou num défice superior a 7% (entrada na CEE) e trouxe-o para os níveis do pacto de estabilidade;
2. O dr. Sousa Franco aguentou o défice, de forma a conseguir entrar para o euro;
3. O governo Guterres, a seguir ao dr. Franco, subiu o défice até 4,3%;
4. O governo Durão Barroso aumentou o IVA de 17% para 19% e, mediante receitas extraordinárias e algumas manobras de engenharia contabilística, fez o défice regressar às "baias" europeias;
5. O governo Santana Lopes não aumentou impostos e segurou o défice nos 2,9%, ou 3,2% como parece que foi estimado por Bruxelas;
5. O governo Pinto de Sousa (Sócrates), tendo jurado que não ia aumentar impostos, começou por, com a ajuda do Banco de Portugal, fabricar um défice de 6,83%, défice que nunca existiu (não á facto!), mas que foi pretexto para subir o IVA mais 2%, para aumentar o IRS, o IPP e outros impostos, para dimunuir um sem número de regalias sociais, para fechar maternidades, centros de saúde, escolas, etc. etc.
6. Apesar disso, no primeiro ano de exercício (2005) o défice disparou para 6%;
7. No segundo ano, parece ter-se ficado pelo 3,9%.
É este último resultado que v. vem elogiar, dizendo que, por outros caminhos, não está provado que se pudesse chegar a semelhante resultado.
Como os factos acima descritos bem demonstram, e ao contrário do que v. diz, é possível chegar a resultados, não iguais mas muito melhores, por outros caminhos.
Factos são factos, como v. diz. Só que querem dizer o contrário do que, com a sua tão inesperada quanto estranha colaboração, anda a ser propalado por aí.
Com um abraço do
António Borges de Carvalho