PESADA HERANÇA
Ele há coisas que deixam o mais avisado de boca aberta.
Um tal Pina que ao, que consta nos anais do pintodesousismo, foi secretário de estado das finanças em tais e tão horríveis tempos, veio à estampa, por virtude de uma conferência de cérebros económico/financeiros, com declarações que merecem o maior dos destaques.
Mercê de inteligentíssimos cálculos, chegou o fulano à conclusão que vamos precisar, ou já precisamos, de mais uns 25 mil milhões, uma vez que o acordo com os tipos da massa foi mal feito, por não contar com a recusa dos mercados em financiar as empresas públicas.
É capaz de ter razão, tanto no que diz respeito aos milhões como no que se refere à qualidade do acordo que negociou e subscreveu.
Ficam por responder algumas pertinentes questões:
- Então quando ele era secretário de estado de um governo que andou dois anos a dizer que não precisávamos de dinheiro nenhum, de repente passa a achar que precisávamos sim senhor e de mais do que nos prometeram?
- Então um tipo que propôs quatro “PEC’s” que não contavam com a ajuda externa e eram todos suficientes e salvadores da Pátria, vem agora dizer que não só os “PEC’s” não eram suficientes nem salvadores da Pátria e que era, como é, preciso dinheiro, milhares de milhões, e que os milhares de milhões que ele próprio subscreveu como suficientes e salvadores, afinal eram só uma ajudinha, nem suficientes nem salvadores?
- Então um membro destacado do partido anda para aí aos gritos, que há folgas, que há almofadas, que há edredons, pufes, poltronas, etc., anda, pela porta do cavalo, a dizer que não há nada disso, que o que há, ou vai haver, não chega, e que são precisos mais 25 mil milhões?
- Então a criatura é capaz de dizer estas coisas sem pedir desculpa por se ter enganado ou pelos enganos com que andou a entreter a Nação durante anos e anos? Sem pedir perdão por ter negociado e subscrito um acordo que não chega, sem pintar a cara de preto antes de mandar as suas bocas?
- Então, então, então…
Aqui temos um exemplo vivo do que foi o pintodesousismo: seis anos e meio a enganar as pessoas, sabendo perfeitamente que as estava a enganar, consciente que nada lhe permitia fazer as promessas que fazia, que jamais teria dinheiro para pagar o que comprava, que cada coisa realizada era mais uma contribuição para a ruína do país e dos cidadãos.
Dir-se-á que o IRRITADO está a bater em mortos.
Não está.
Primeiro, porque essa gente não está morta. Está viva e continua a sua “obra”, agora por outros meios mas tão iresponsavel e aldrabonamente como dantes.
Segundo, porque é preciso lembrar o que fizeram e o que nos deixaram como herança.
Nunca a expressão “pesada herança” fez tanto sentido como hoje.
25.11.11
António Borges de Carvalho