RUA, JÁ!
Aqui há uns anos, o ministro dos negócios estrangeiros Martins da Cruz - personalidade que, por motivos vários, me causa a maior das repugnâncias - meteu uma cunha ao seu colega da educação para conseguir que uma sua filha entrasse na faculdade de medicina. A pequena até era boa aluna, mas tinha ficado a umas décimas da média exigida. Compreendo a preocupação do papá, e até nem considero muito grave o que o homem fez. Mas a coisa deu bronca. A oposição desatou aos berros, o homem foi chamado ao parlamento e… mentiu.
Poucos dias depois, caía das Necessidades abaixo. O seu colega da educação, coitado, que não tinha na coisa responsabilidades directas, dignamente, caíu também.
Martins da Cruz terá caído, mais do que pela cunha, pela mentira. E muito bem.
No caso da trapalhada académica do senhor Pinto de Sousa (Sócrates)*, as coisas passam-se de forma diferente. Ninguém sabe e, creio, ninguém jamais saberá se o homem é engenheiro, mestre, licenciado, se sabe de esgotos se de outras porcarias, ou de coisa nenhuma. Nem isso, a meu ver, tem qualquer espécie de interesse. A mentira, sim.
Comparemos os dois casos. Ao contrário do que aconteceu com Martins da Cruz:
a) Pinto de Sousa (Sócrates) não foi chamado ao parlamento;
b) A oposição, em vez de gritar como louca, fechou-se em copas;
c) A imprensa não fala em demissão;
d) O fulano mente, remente, torna a mentir e a rementir;
e) Semanas depois da bronca, borrifando-se no Parlamento, Pinto de Sousa (Sócrates) diz que vai dar esclarecimentos… à televisão.
As mentiras estão bem documentadas via tergiversações electrónicas no sítio da PCM. São corroboradas através das informações, ou contraditórias ou parcelares, de responsáveis e irresponsáveis. Os problemas da UnI são vergonhosamente utilizados para desculpabilizar as mentiras.
E, no meio desta desgraça toda, não há um partido, não há um jornal, não há um pacheco pereira qualquer que tenha a hombridade democrática de exigir que aconteça aquilo que já devia ter acontecido há muito tempo, se a dignidade das pessoas e o respeito pelas Instituições tivessem direito de cidade neste país socialista: a pura e simples demissão do senhor Pinto de Sousa (Sócrates).
Há meia dúzia de anos, ainda que nem sempre, havia moralidade e comiam todos. Com o PS, nem há moralidade nem ninguém come.
António Borges de Carvalho
* Ao contrário do prometido, dada a confusão reinante, vejo-me obrigado a abandonar o título de mestre, que tinha prometido aplicar ao senhor Pinto de Sousa (Sócrates)