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Altas figuras da Maçonaria - Manuel Alegre, Almeida Santos… - andam para aí aos gritos, que isso de “os maçons terem que se assumir é atentado à Constituição…”, que se trata “de um regresso ao mais nojento salazarismo”, etc..
O IRRITADO borrifa no assunto. Assumam-se, se quiserem. Não se assumam, classificam-se de acordo com a generalidade das opiniões dos cidadãos. O problema é deles. Ser contra a Constituição, é capaz disso. Interessará a quem por tal se interessar.
O IRRITADO vem ao assunto tão só pela acusação de salazarismo.
Verdade é que o salazarismo jamais exigiu que se assumissem, pelo que a compração carece de fundamento.
Passo a explicar:
O salazarismo teve interessantes relações com a Igreja Católica. Apesar de a proteger, negociou com ela a Concordata, de forma dura e exigente.
O salazarismo, em relação à Maçonaria, foi duro. A memória da primeira República estava fresca, e não havia quem não aceitasse o afastamento do Estado em relação a tal irmandade. Assim como, para a Igreja, tinha fama de pertença, mas foi firme, no que à Maçonaria diz respeito, fez fama de inimigo, mas não foi, digamos, muito chato.
Carmona, Presidente da República, era maçon, como o eram Albino dos Reis e Mário Figueiredo, Presidentes da Assembleia Nacional. Outras gradas figuras da II República, como Bissaia Barreto, eram-no também. Muitos outros havia em altos cargos do regime, cujos nomes não cito por não ser público e notório que fossem “irmãos”.
Por tudo isto e mais que isto, quando essa figura “impar” da III República que se chama Almeida Santos, e outros que tais, vem acusar de nojo salazarento quem os quer identificar, perde uma soberana ocasião de calar o bico.
A Maçonaria, no salazarismo, era publicamente proibida e particularmente acarinhada com taxos e prebendas. O resto é conversa fiada do mais bolorento jacobinismo.
11.1.12
António Borges de Carvalho