A FANTOCHADA
O inigualável fantoche do PC, encarregado da agitação sindical, acusou os seus parceiros da Concertação de querer voltar à Idade Média.
Será que esgotou a habitual bateria de vitupérios estalinistas com que costuma brindar estas coisas? Teve que recorrer “argumentos” históricos para se desculpar por ter, cobardemente, dado à sola antes que tivesse que ceder algum pedregulho da estúpida muralha, não medieval mas igualmente bolorenta, construída pelos seus camaradas há mais de trinta anos?
A metáfora fica melhor ao fantoche que aos que critica. Medieval, no sentido de passadista, ultra-conservador, inútil, assenta como uma luva em gente que não percebe que o tempo não é seu, e que o que era seu deu mau resultado, atrasou por dentro todos e cada um de nós.
A II República erigiu o Estado como nosso “pai”. Remeteu-nos à dependência mental, e vital, de um Estado todo-poderoso. A III República, arrastada pelo PC e seus fantoches, agravou os defeitos da segunda, com argumentos opostos mas de resultados afins.
No momento em que, pela primeira vez em décadas, se tenta dar alguns - pequenos mas firmes - passos para a libertação e a responsabilização de cada um por si próprio, o fantoche estrebucha como aqueles vampiros dos filmes que temem desfazer-se em pó se o bem ganhar a guerra. E foge. Prefere continuar a sua obra, insistir na parlapatice da negação da realidade e da vida, guardar o seu poder de destruição, a receita infernal para esse cozinhado diabólico que consiste em iludir uns para os usar contra os demais.
Nunca o fantoche assinou fosse que acordo fosse. Mas mantinha a ficção da discussão dos assuntos. Desta vez, cobardia das cobardias, percebeu que as suas parlapatices não iam ser ouvidas nem temidas, que havia coragem para o enfrentar, a ele, o grande Carvalho da Silva, mestre de cerimónias de barulheira e técnico da conscrição das massas, ilusor mor da república, general da tropa fandanga dos cartazes e dos slogans. Ele! Não! Ele já não discute, só agita, é a sua profissão, a sua fé na destruição do que existe e na construção, sobre as suas ruínas fumegantes, do maravilhoso mundo do Partido e dos Gulagues.
Na senda do fantoche que parte, outro títere, outro bonifrate, outro bufão se agiganta, à espera do poder: um tal Arménio, dito ainda mais estalinista que o fantoche.
Cuidado!
20.1.12
António Borges de Carvalho