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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

FALTA DE CORAGEM

 

Da esquerda à direita, não há quem não se pronuncie, com alta indignação e prolixos argumentos, sobre a privatização de um canal de TV do Estado.

Pode dizer-se que é unânime o apego à ideia de que o Estado deve ser proprietário de, pelo menos, um canal generalista. Custe o que custar. Porquê? Quem o saberá?

Para um observador independente, esta unanimidade, ou este tipo de pensamento “oficial”, ou “correcto” causa uma estranheza dos diabos.

Por um lado, tal pensamento invoca os mais rebuscados argumentos para achar que o Estado não deve ter jornais, mas esbarra na parede da televisão. Porquê? Não é coisa que se perceba. O Estado democrático dos nossos dias não é suposto usar a propaganda política em meios públicos, nem os governos ganham, antes pelo contrário, por se servir deles para se afirmar. Além disso, quer se sirvam quer não, serão sempre acusados de o fazer. As agências de RP não chegam? Se não chegam, deviam chegar.

Por outro, se há serviços que, sendo de interesse público, são costumeiramente deficitários – os transportes, por exemplo – e onde o auxílio financeiro do Estado se pode justificar (o IRRITADO não é desta opinião, mas compreende-a), a televisão não é, manifestamente, um deles. Os canais privados têm informação que chegue, têm programas de entretenimento mais que suficientes, têm desporto aos pontapés, têm debates em barda, às vezes até têm alguma programação dita cultural, e não pedem ao contribuinte que neles injecte milhões e milhões ou pague impostos para sustentar um esquema televisivo que não se aguenta sozinho, apesar de fazer o mesmo que os outros, de estar como os outros no mercado publicitário, etc. Porquê pagar tal coisa, sobretudo na situação miserável em que estamos?

Não se vê porquê.

Compreende-se que há missões desempenhadas pela RTP – a de África, a Internacional – que são do interesse do Estado e que não geram receitas por aí além. Mas, se “têm que ser”, porque não contratá-las com os canais privados?

É claro que, no coro dos bem pensantes, há diversas aproximações ao problema. Desde logo os partidos comunistas, que continuam a achar que o que é estatal é “nosso” e postulam a propriedade pública deste mundo e do outro. Não vale a pena contar com eles para uma discussão que nem sequer entendem. Depois, a área socialista, onde muita gente é próxima dos comunistas ainda que com fortes pinceladas democráticas, as coisas não serão tão claras, mas não se vê quem se entusiasme com as tímidas propostas do PSD. Do CDS, mercê do anti-liberalismo primário que caracteriza as ideias social-cristãs, também não é de esperar seja o que for que possa ser acusado de postular a destruição do monstro estatal que se chama RTP.

A posição do PSD não se percebe, a não ser por causa de alguma necessidade de manter a paz dentro da coligação. Se o PSD está, de alma e coração, empenhado em reduzir a despesa, como pode justificar a continuação do sugadouro de dinheiros públicos que é a televisão?

A RTP tem um património técnico e imobiliário de grande valor, o que permitiria a sua extinção com algum alívio dos custos incorridos. A RTP extinta poria no mercado um número razoável de técnicos qualificados, com um papel a desempenhar no mercado televisivo e noutros, de inovação transacionável.

O IRRITADO tem falado desta questão em várias oportunidades. O ministro Relvas, tão pró-activo (como se diz agora), tão alegadamente “corajoso”, tão “revolucionário”, prepara-se para, contra ventos e marés movidos pela concorrência, privatizar um canal, não se sabendo qual. E o outro? Vai (vamos) continuar a pagá-lo?

Que diabo, homem, pense duas vezes e acabe com o monstro!

 

24.2.12

 

António Borges de Carvalho

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