CRITÉRIOS
O IRRITADO referiu-se aqui há tempos ao caso de um tipo que cessou a sua “colaboração” com uma empresa pública, por alegada “censura” de um chefe às ordens do Relvas.
Sabe-se o que foi a indignação geral. Os jornais, as televisões, até o Parlamento, mostraram a revolta que lhes ia na alma. A esquerda entrou num frenesim, a direita fechou-se em copas, o que quer dizer que concordou com a esquerda. O “censurado” tornou-se de um dia para o outro um herói, num profissional de excepção, um escritor célebre, etc.
Pois bem, acontece com o Crespo – aquele da SIC Notícias – exactamente o mesmo. O homem escreveu um artigo qualquer, de que o sinistro Ricardo Costa, irmão do não menos sinistro António e manda chuva do “Expresso”, não gostou.
Para que o não acusassem de censura, publicou o dito artigo, mas fê-lo seguindo-o de uma insuportável arenga, julgo que “da redacção”, a qual, bem espremida, outra coisa não conseguiu a não ser confirmar o que no estava na base do artigo do Crespo. Destinava-se a arenga a “justificar” o “despedimento” do articulista.
Veja-se agora o que sucedeu a seguir. Nada. Nem indignação, nem acusações de censura, nem artigos nos jornais, nem notícias nas televisões, nem um só deputado interessado no assunto, nem a esquerda em transe, nem a direita a sair de copas, nem o Crespo passou a herói. Nada.
Será porque, num caso, a coisa dava pretexto para dizer mal do governo e noutro não?
Será porque, num caso, se tratava de um tipo da esquerda, o qual, segundo a natureza das coisas, não pode ser “censurado”, e que, no outro, o objecto da “censura” não é conhecido por esquerdófilo nem era admirador do senhor Pinto de Sousa?
À consideração de quem ler.
18.3.12
António Borges de Carvalho