GREVE GERAL
No momento em que o IRRITADO dá largas a esta irritação, reina o caos nos transportes públicos e, por consequência, também nos privados. Os apaniguados do comunismo sindical, os privilegiados das empresas públicas e quejandos, sempre os mesmos, estão a dar cabo da vida aos seus concidadãos, tarefa em que são especialistas diplomados.
Os camaradas Louça e Arménio já se encontraram na rua. Caíram nos braços um do outro em doce contemplação da sua obra. Seja qual for a quantidade de grevistas, nas bocas deles a greve será sempre um formidável sucesso.
Entretanto, uma sondagem com umas cinco mil respostas, dava, há meia hora, o seguinte resultado: adeptos da greve, 19%, inimigos da greve, 75%, pessoas que desistiram de irtrabalhar por falta de transporte, 6%.
É certo que estas coisas não merecem uma confiança total. Mas ainda é mais certo que a esmagadora maioria dos portugueses abomina a coisa.
No entanto, os tais 19% são o que o Louça, o Jerónimo e o Arménio precisam.
Não são, nunca foram, adeptos de maiorias. O que conta são as “vanguardas”, as “vanguadas organizadas” que lideram. Isso de maiorias é coisa para “perpetuar a dominação”. Uma vez criadas as “condições objectivas”, uma vez vencidos o “imperialismo”, o “capitalismo”, a “democracia burguesa” e outras manobras da “classe dominante”, então o “povo” ganhará em definitivo a luta de classes e o socialismo triunfará. maiorias não são precisas para nada.
Não foi isso que o Arménio proclamou assim que tomou posse da chefia da organização, em nome do Jerónimo? A luta é de tal ordem que ele até tolera a presença do Louça ao mesmo tempo que pensa em cortar-lhe a cabeça logo que se ponha a jeito.
Mais ou menos números, mais ou menos percentagens, mais ou menos adesões, que importa? O triunfo está sempre garantido, porque o que interessa é o que nós dissermos.
As maiorias que se lixem.
22.3.12
António Borges de Carvalho