NOTAS DO 25
OS CÃES LADRAM…
O túnel do Marquês, obra emblemática de Santana Lopes, é hoje inaugurado.
A excelência, a urgência, a utilidade e a necessidade da iniciativa foram consagradas nas urnas pelo povo de Lisboa, em 2001. Trata-se de uma facility de há muito desejada por todos ao que se vêm em palpos de aranha para circular entre as Amoreiras e o Marquês, e não só.
Desde a primeira hora, a oposição social-comunista dedicou-se a contestar o que era, evidentemente, incontestável.
Ao tempo membro da Assembleia Municipal de Lisboa, lembro-me do espanto com que a minha inexperiência como autarca assistiu às mais inacreditáveis contestações. Valia tudo: a exigência do estudo de impacte ambiental, que não era obrigatório, a “zona húmida” do Marquês, que nunca existiu, a proximidade do túnel do metro, patacoada de ignorantes, a pendente, a altura, a largura, o comprimento, blá, blá, blá.
Desfeitas as dúvidas, por estúpidas ou improcedentes, o PS descobriu a ingente necessidade de alterar o projecto, encurtando o túnel.
O PC ficou na mesma. Era contra, e pronto.
Um tal Fernandes chefiou uma “acção popular”, que obrigou à paragem das obras durante sete meses. A acção foi julgada improcedente nas mais altas instâncias, e transitou em julgado. Os prejuízos que a infame iniciativa provocou foram assentes no tecto pelo tal Fernandes. Jamais os pagará. Nem sequer pediu, ou pedirá, desculpa aos lisboetas pelo mal que fez à cidade e pelos prejuízos a todos causados. Eleito vereador nas listas de um partido comunista qualquer, continua a alardear moralidades, mantendo-se caloteiro com orgulho e desfaçatez.
O que estava em causa, em boa verdade, não era que o túnel fosse necessário ou deixasse de o ser. Necessário era corroer a credibilidade de Santana Lopes, que tinha tido a desfaçatez de correr com o social-comunismo da Câmara da cidade. Intolerável. E, porque era intolerável, todas as armas eram boas para o abater. A vida na Assembleia Municipal era um inferno de malevolência, de maledicência gratuita, de invenção de entraves, de rasteiras burocráticas, de “perdido por ter cão perdido por não ter”. Para além de tudo o que o cidadão possa imaginar possível.
Em boa hora me libertei daquela hedionda coisa.
Hoje, abre o túnel. O diário do Oliveira titula que é à mesma hora da habitual manifestação do 25. Uma inominável provocação. Mais. O diário do Oliveira serve-se de pareceres e de opiniões várias para inculcar no espírito de cada um que o túnel não presta, não é seguro, etc., blá, blá, blá.
Amanhã, vou estrear o túnel. Que bom! Santana Lopes, obrigado!
COERÊNCIAS
O Dr. Marques Mendes não está de acordo que as declarações de interesses dos deputados fiquem à disposição do respeitável público, via Internet.
Acho muito bem. Não tenho nada a ver com os interesses seja de quem for, não me compete conhecê-los, muito menos aferir da sua legitimidade.
Em matérias de natureza afim, porém, o Dr. Marques Mendes muda de opinião. É o caso da inversão do ónus da prova quando alguma instância (ou alguma carta anónima) achar que o deputado A mostra sinais de riqueza. Daí se conclui que o homem é gatuno, tendo que provar o contrário. Neste caso está o Dr. Marques Mendes de acordo.
Em matéria de coerência, estamos conversados.
Resta esperar que o Dr. Marques Mendes reveja as suas posições, mais que não seja por uma questão de sentido do ridículo.
À ATENÇÃO DO SILVA
Humildemente, venho fazer-me eco de umas coisas que por aí constam, e às quais o Silva devia dar atenção.
Acontece que os sobreiros estão a ser vítima de uma coisa conhecida por cá por stress dos ditos e, em Espanha, por “seca”.
Ninguém sabe do que se trata. O que se sabe é que, um pouco por toda a parte, há sobreiros a morrer. No curto espaço de uma semana, uma árvore que parecia de boa saúde, aparece morta. A coisa não está limitada a uma região, não ataca mais as árvores velhas que as novas, não está ligada a qualquer circunstância especial, pelo menos que se veja. Acontece, e pronto.
Diz quem sabe que nenhuma instância oficial se está a ocupar do assunto. Nem a Faculdade de Agronomia, nem a Estação Agronómica, nem os serviços florestais, nem nenhuma das inumeráveis instâncias ou agências que se ocupam de biologia, de epidemiologia, de estudos dos solos, nada, ninguém mexeu ainda uma palha para saber o que se passa com o stress dos sobreiros. O pessoal, por cá, parece preocupar-se muito com uns abates por causa de um empreendimento, mesmo que se replante vinte sobreiros por cada um abatido. Mas, se as árvores morrerem sem saber porquê, que se lixe. Talvez os espanhóis tratem do assunto, não é, ó Silva?
Daqui lanço o meu grito de alarme, sem qualquer espécie de esperança de ser ouvido. Os sobreiros nem sequer são socialistas…
É FARTAR VILANAGEM!
O mundo inteiro andou preocupadíssimo com o facto de o Senhor Berlusconi ser proprietário de não sei quantas estações de televisão. Por cá, a indignação foi enorme. Uma circunstância há, porém, de que ninguém fala: o Senhor Berlusconi já era dono das televisões quando se candidatou. E foi eleito, toda a gente sabendo que o era. Talvez não seja saudável, mas é transparente, sério e democrático.
Os mesmos que tanto se irritaram com o assunto deixam, sem uma palavra de desconforto, que uma concessionária de televisão generalista seja vendida ao partido socialista espanhol, via grupo financeiro que lhe é indiscutivelmente afecto. Os espanhóis pagam ao PS português entregando a direcção do canal, por critérios confessamente ideológicos, a um barão socialista com largo passado nas hostes do bolchevismo.
Ao contrário dos italianos, a quem foi dado, em total liberdade, escolher um primeiro ministro que era dono de uns canais, aqui, o partido socréfio toma conta deles sem pudor, sem vergonha, numa desfaçatez pesporrente e descarada.
Comparado com Pinto de Sousa (Sócrates), o Senhor Berlusconi é um menino de coro.
António Borges de Carvalho