CRISE DE AUTORIDADE
Uma criatura que dá pelo nome de Januário conseguiu, sabe-se lá porquê, chegar a altas posições em duas organizações em princípio respeitáveis: a Igreja Católica e as Forças Armadas.
Na primeira, é bispo. Na segunda é Capelão mor, brigadeiro, ao que me disseram.
Um profissional no activo, tanto numa como noutra. Dois chapéus, duas missões, nenhuma delas política.
Tal indivíduo resolveu, por benesse de uma televisão qualquer, vir esgrimir opiniões políticas de uma forma o mais desastrada possível, ofensiva, primitiva, incongruente e espalhafatosa. Um parlapaté miserável.
Nem um nem outro dos seus chapéus lhe permite meter-se em política, muito menos em politiquice idiota e repenicadamente primária.
Por conseguinte, no que respeita às Forças Armadas devia o respectivo Chefe tê-lo mandado para casa sem mais explicações. Sem, sequer, lhe mover um processo disciplinar. Flagrante delito, julgamento sumário, aplicação imediata do regulamento de disciplina militar. Porém, nem julgamento houve, sendo suposto, por este e outros sinais, que deixou de haver regulamento, deixou de haver disciplina e que o Chefe é capaz de ser decorativo.
A Igreja, essa, se tem cadeia de comando, não se vê qual, ou onde estará. Uma entidade que proclama ser sua missão salvar almas e fomentar a caridade cristã, fica muito quietinha quando um dos seus “príncipes” produz, publicamente, brutais asneiras e cavalidades.
Como querem que este país entre nos eixos se a Justiça é o que é (um bando de sindicalistas) e se gente que se julgaria guardar ainda alguma autoridade interna dá espectáculos deste calibre?
10.6.12
António Borges de Carvalho