SENILIDADE UMA OVA
Muitas têm sido as interpretações dadas às espantosas opiniões desse irrefragável português que dá pelo nome de Soares (Mário).
As mais caridosas atribuem os pontapés opinativos do senhor à sua provecta idade.
Convenhamos que não será fácil encontrar outra explicação. Como é possível que um homem que meteu cá o FMI duas vezes, venha vituperar a mesma gente, ainda por cima chamada pelo seu partido? Como é possível que o único governante europeu dos últimos cinquenta anos a lançar impostos retroactivos, aumentando os demais e desvalorizando os salários como jamais aconteceu, tudo em nome da saúde das contas públicas, se entretenha a dizer as mais repenicadas enormidades contra aqueles que, metidos pelo seu partido num imbróglio pior que os dele, em matéria de austeridade nem os calcanhares lhe roçam?
O notável cidadão não faz a coisa por menos: apela à “insubordinação popular contra as imposições da troica”, cujos funcionários, “uns tecnocratas que ganham rios de dinheiro”, transformam o país em “protectorado”.
A diferença entre Soares (Mário) e os tecnocratas deve ser que ele, coitado, como é sabido, passa a vida a apertar o cinto enquanto eles se repoltreiam em “rios de dinheiro”. E, em relação ao governo, a diferença é que, no tempo dele, não senhor, estava cá o FMI, o escudo passava a valer metade, o nosso cinto apertava-se como nunca, mas não se tratava, não senhor, de um “protectorado”.
Tal como aconteceu com a senhora que o fez perder, miseravelmente, as eleições para a presidência do Parlamento Europeu e que ele, grande defensor dos direitos da mulher, se apressou a classificar de “dona de casa”, vem agora clamar que está na hora de a dona Ângela “voltar para a Alemanha de Leste e se fazer esquecer”.
Compondo o seu colorido ramalhete, o nosso geronte de estimação afirmou – grande malha! – que terá “muito prazer” em apoiar o Carvalho da Silva, isto é, o PC, se aquele se candidatar à presidência da República!
É claro que o Carvalho da Silva, contentíssimo, aproveitou para lançar mais uma louca e despudorada diatribe contra tudo o que não seja a cassete do PC, com apelos à democracia "social" e coisas do estilo.
Para o IRRITADO, ouvir um comunista a defender a democracia é o mesmo que ouvir uma ratazana a cantar o Rigolleto.
Pelos vistos, o Soares (Mário) está, outra vez, com as ratazanas. E não me venham cá dizer que é por estar velhinho.
21.6.12
António Borges de Carvalho