O MAR!
As civilizações nascem, crescem, vivem, morrem, como diria o amigo banana.
Olhem os gregos. Criadores, diz-se, da democracia, da filosofia, da estatuária, da arquitectura. Hoje andam à rasca com a democracia e, das outras glórias, nem sombra. Andam aos bonés. Nada têm a ver com os seus alegados maiores da antiguidade.
O mesmo com os romanos. Do alto do império, caíram até ao desaparecimento. E os maias, os incas, os astecas, o império do meio, os egípcios…
E nós? Se olharmos o espelho, onde estão os navegadores, os descobridores, os guerreiros, os santos, os homens que sabiam que a Índia estava no Oriente? Onde os albuquerques, os gamas, os cabrais, os vieiras, os nunes, os ortas?
Não, meus amigos, os portugueses modernos, como os gregos, pouco ou nada têm a ver com essa gente que tinha uma estratégia, uma visão do mundo e do futuro, uma missão a cumprir. Zero.
Vem isto a propósito da recorrente história do mar. É certo que hoje como antanho, os portugueses têm no mar a grande ilusão e a grande oportunidade. Pelo menos é o que se diz. A maior zona económica da Europa, os alegadamente maiores recursos que lhe correspondem, um mar de marítimas oportunidades.
Não há quem não fale nisso, os “empreendedores”, as universidades, os políticos, os cientistas, o Presidente da República, tudo minha gente grita: O mar o mar o mar!
E, no entanto, se vamos ao mar é ao petróleo de Angola, às jazidas do Brasil, aos carapaus de Marrocos…
De resto, zero.
Haja um, só um dos que berram O mar, o mar, o mar!, que me diga o que havemos de fazer com o mar para além de umas banhocas na Caparica.
Haja um, só um, dos tonitruantes arautos das nossas fortunas marítimas que me diga o que se propõe fazer com o mar, e que o faça mesmo.
Só um. Já não era mau.
12.8.12
António Borges de Carvalho