REGRESSO ÀS SCUTS
O peregrino assunto das SCUTS continua, desesperadamente, a tentar entrar na agenda.
Esta coisa da austeridade é percebida e até aceite por toda a gente. O problema é que a mesma gente acha muito bem quando a coisa toca à porta do parceiro. Quando toca à porta cada um, nem pensar. Das mais altas patentes da República ao mais modesto membro da classe média (os mais debaixo não pagam nada) toda a gente se considera atendível excepção.
Foi um erro crasso do governo ter aberto algumas. Imperdoável e pouco inteligente.
As SCUTS são um mero detalhe no meio de um ror de desgraças. É evidente que esta desgraça em particular tem que ser tão paga como as outras. E os primeiros a ter que a pagar são os que as utilizam. Mete-se pelos olhos dentro do mais estúpido.
Os espertos, esses, sabichões e caloteiros, querem ser mais que os outros. Um vício nacional.
Vem esta arenga a propósito dos protestantes que se juntaram, aliás sem grande adesão popular, na chamada festa do Pontal, que já não é festa do Pontal mas continua a chamar-se festa do Pontal.
O IRRITADO não é “algarvista”, mas vai fazendo umas contas, e atreve-se a pedir a outros que as façam também.
Rezaram as notícias que percorrer a Via do Infante de ponta a ponta custa a astronómica quantia de 11 euros. Quase 200 quilómetros. 11 euros.
Um carro de consumo médio, digamos 8 litros aos cem, gastará em combustível cerca de 27 euros (gasolina 95). Mais 11 de portagem, teremos 38 euros. Fará a viagem à média de 100 à hora, calmamente, sem chatices, nem cruzamentos, nem semáforos, nem travagens. O carrito será poupado. Não há para/arranca, não há consumo de pastilhas, nem o motor aquece, nem a paciência se gasta. Os acidentes são pouco frequentes. A autoestrada é a alternativa ideal à N125. Incontroverso.
Além disso, façam as contas e chegarão à conclusão que, para além do tempo perdido, da paciência cheia de buracos, das paragens e dos arranques, das rotundas, dos semáforos, dos polícias, o carrinho, em vez de gastar 8 aos cem gastou uns 11 litritos. O que, directamente, quer dizer um custo adicional de 10 euros. Não me venham agora dizer que os custos indirectos da N125 - o desgaste da viatura, a vossa estabilidade emocional, a vossa segurança, etc. - não valem 1 euro!
Nestas matérias, a caloteirice, a ânsia de fazer barulho e se tornar notado, a demagogia barata, a politiquice (não é por acaso que a “manifestação de indignação”, segundo os jornais, era maioritariamente constituída por tipos do BE) são o que impera.
O IRRITADO está farto de dizer que as autoestradas são alternativas às estradas nacionais, não o contrário. Quem quer gastar gasolina, dar cabo do carro, perder tempo, viver cheio de nervos, que o faça. Mas não chateie as pessoas decentes, nem o IRRITADO, nem o PM, que têm mais em que pensar que em oportunistas barulhentos e interesseiros.
Apostilha: diz-se que foi o camarada Cravinho quem “criou” as SCUTS. Ele, coitadinho, nega. Diz-se que foi ele quem prometeu 20% da TAP aos pilotos. Ele, coitadinho, nega. Ainda o havemos de ouvir dizer que nunca colaborou com o Marcelo Caetano!
16.8.12
António Borges de Carvalho