COISAS DO ARCO DA VELHA
O gatuno/espião intercontinental denominado Assange, responsável confesso de roubos e de receptações de materiais roubados – aliás de impacto praticamente nulo – está refugiado numa embaixada de um país do terceiro mundo (do ponto de vista mental), situada numa nação do primeiríssimo mundo (de todos os pontos de vista), onde decorre um processo de extradição por crimes sexuais (parece que o homem se recusava a usar preservativos e as parceiras não gostavam…), a pedido de outro país, também do primeiríssimo mundo.
Se está inocente na história das camisas, como invoca, que risco correria se fosse julgado por um sistema dos mais transparentes e garantistas da história da humanidade? Dois meses de pena suspensa? Umas coroas às ofendidas? Uma multa? Nenhum risco de especial. Absolvido ou cumprindo uma pena de chacha, o canalha sairia da coisa cheio de glória, pelo menos da parte dos adeptos do tipo de “liberdade” e de “transparência” que vêem nele uma espécie de santinho.
Mas tal não lhe chegava. O homem é mestre em publicidade, ou em manipulação das massas. Conseguiu um aliado num país ordinário, conseguiu pôr uma nação civilizada às voltas com uma chatice dos diabos (entre o Equador e a Suécia, qual é a escolha?) e, sobretudo, arranjou publicidade gratuita, urbi et orbe, em todos e mais alguns dos meios soit disant de informação.
Golpada de mestre, bem ao nível moral e mental, bem como da “decência” do bandido.
Por cá, uma das inúmeras reacções aos acontecimentos merece especial atenção do IRRITADO.
O senhor Costa, director do “Expresso”, presenteia-nos com uma longa arenga. Espremida esta, conclui-se que o senhor Costa não está longe da opinião do IRRITADO. Acha ele que o homem, se fosse sério e decente, iria à Suécia tratar do assunto, e nem sequer teria razão para ter medo da Justiça americana, bem mais dura que a sueca, uma vez que os EUA não fizeram qualquer pedido de extradição nem estão muito preocupados com os crimes do fulano, aliás praticados fora da sua jurisdição, ainda que a partir de roubos nos EUA praticados. Não por ele, mas por um tipo que vai passar o resto da vida a ver o Sol aos quadradinhos.
Muito bem, senhor Costa!
O engraçado da história é que o senhor Costa comprou as informações “cedidas” pelo receptador e comercializador dos materiais roubados.
O senhor Costa foi o grande divulgador nacional dos materiais em causa.
O senhor Costa foi o grande defensor da “excelência informativa” das pulhices do criminoso.
O senhor Costa foi o grande defensor dos esquemas fraudulentos do porco.
Agora, é o mesmo senhor Costa que vem declarar, preto no branco, que o seu amigo Assange não passa de “alegado defensor da transparência, da justiça e da liberdade” e que “não devia ter medo de se apresentar” aos juízes suecos.
Passou, como que por magia, a “alegado”. Deixou de ser santo. Parece q ue a nora está a dar a volta. Há que prevenir, não é?
Numa coisa o senhor Costa se engana. O seu (ex?) amigo não tem medo nenhum dos suecos.
Pesadas as coisas, resolveu preferir o golpe publicitário. Quem gosta disto que coma disto.
18.8.12
António Borges de Carvalho