TRABALHAR FAZ CALOS
Toda a gente sabe que, por exemplo no Alentejo, quem quiser apanhar o pinhão (este ano há pouco) tem que recorrer a moldavos, romenos e outros turistas forçados. Há tarefas que os portugueses consideram indignas do seu status social.
Lá para o Norte, segundo os jornais, parece que, à falta dos tais turistas, não há quem queira vindimar. Em concelhos onde a taxa de desemprego atinge os 25% não há um só desempregado que queira suar as estopinhas nos socalcos do Douro.
Dir-se-á que as pessoas estão no seu direito de recusar tais tarefas, duras e quiçá mal pagas. Talvez.
Mas o que isto significa é que os portugueses, atolados em “direitos” sociais, continuam a viver à espera que seja quem for os sustente. É seu “direito”, não é?
Questão de “dignidade”, pois claro.
“Dignidade” socialista, pois claro, coisa de que parece que só uma hecatombe convencerá as pessoas que nada tem a ver com dignidade, mas com o seu contrário.
Este tipo de postura, criada, alimentada e acarinhada durante décadas pela esquerda e pela democracia cristã – agora até pelos bispos! - é a mais forte e evidente garantia de que tal hecatombe não deixará de nos cair em cima. Muito mais garantia que as asneiras dos governos ou os malefícios da crise internacional.
18.8.12
António Borges de Carvalho