CATASTROFOMANIA
Uns dois anos passados sobre o pânico da gripe A, deliberaram as autoridades incinerar 1.300.000 vacinas destinadas a aniquilar os terríveis efeitos de um tal H1N1 que, segundo a ONU e quejandos, se preparava para aniquilar a humanidade.
É hoje evidente que o tal H1N1, de cuja existência a malta não sabia, era coisa que já andava há muitos anos em engripar o cidadão. É hoje evidente que, durante a terrível “pandemia”, morreu de gripe mais ou menos o mesmo número de pessoas que teria morrido sem ela.
Entretanto, o SNS, zeloso como pucos, gastou um número indeterminado de milhões, 9.700.000 dos quais vão ser gloriosamente incinerados. Culpar o SNS? Não creio. O SNS fez o que lhe era indicado por autoridades “científicas” desgraçadamente indiscutíveis, provenientes dos semi-deuses da ONU. Acresce que os particulares gastaram milhões em Tamiflu e outras porcarias, mais uns vastos cobres em desinfectantes para as mãos, máscaras de tapar a respiração e outras inutilidades comerciais.
Parece que seria justo que os autores desta milionária cegueira fossem incriminados por propositado falso alarme. Mas eles continuarão sentados nos seus “científicos” tronos. E continuará a haver os interessados em vender materiais cuja indispensabilidade é garantida por tantas e tão “credíveis” autoridades.
Quem vai pagar os triliões que, por esse mundo fora se gastaram sem qualquer sombra de utilidade? A ONU? Mas de quem é o dinheiro da ONU? É de quem lá o pôs. Se a ONU pagasse o que fez os Estados gastar, pagaria com o dinheiro dos mesmos Estados! A seguir, como é natural, faria recair sobre os mesmos as necessidades financeiras criadas com as devoluções e as indemnizações. Ou seja, continuavam os mesmos a pagar, pelo que queixar-se não serviria para nada.
Exigir que os inventores do alarme vão imediatamente para o desemprego ou para um campo de concentração onde não possam fazer mais mal seja a quem for? Claro! Mas quem se atreve a contestar as sacrossantas agências encarregadas de gerar pânicos? Parece que ninguém.
Outra história.
Um bando de funcionários políticos, ou só funcionários ou vagamente conotados com a ciência propriamente dita, repimpados em Nova Iorque, resolvem manipular dados e decretar que há uma terrível ameaça: o aquecimento global. Mais decretam que, se há aquecimento global, a culpa é da humanidade.
Os governos, pelo mundo fora, acreditam e ficam muito agradecidos. Toda a gente sabe que tem havido mais desastres naturais do que era habitual nas últimas duas ou três décadas. Daí a culpar a humanidade, vai uma distância cósmica.
Que interessa? Os governos (os contribuintes!) pagam à ONU para tratar destes assuntos. Sentem-se na obrigação de acreditar no que a ONU produz. Não percebem que isto de a humanidade “mandar” no planeta é o mais estúpido pecado de orgulho que se possa imaginar.
Não se confundam os planos: é evidente que as nossas actividades podem, por exemplo, poluir um rio, e que outras actividades podem despoluí-lo. Mas extrapolar isto para o comportamento do planeta como um todo é de uma pesporrência abaixo de qualquer consideração. Faz lembrar a lógica da história da borboleta que, a voar no Amazonas, provocou uma guerra civil no Canadá!
Consequências: os milhões do CO2 a correr, a correr… “cimeiras da Terra” a borbulhar cheias de orgulho e de preocupação com o futuro. E os governos a abrir as perninhas ao populismo e à pseudo-ciência.
No fundo, porque há tanto quem embarque nas desgraças que outros fabricam e propagandeiam? Porque “dá” que se farta. Esquecer o bom senso, abraçar o sensacionalismo, embarcar nas parangonas, eis o que interessa.
Vejam, por exemplo, a tristeza que o abrandar do furacão dos Açores provocou no nacional-jornalismo. À medida que a ameaça ia perdendo força, os tipos das televisões, sedentos de sangue, iam mostrando terríveis imagens de arquivo, com barcos virados, gente afogada, casa destruídas, desgraças aos montes. Quando o simpático furacão foi à vida, que desilusão!
Quanto maiores forem os incêndios, melhor! Quando acabarem, é preciso perseguir seja o que for. Não para remediar seja o que for, mas para manter as emoções em alta. Desde sempre, um incêndio serve para condenar alguém, seja quem for e pelo que for, seja o ministro, o tipo da protecção civil, o coveiro de Atrás do Sol Posto, alguém que faça os deputados vibrar de indignação, os jornalistas gozar como uns porcos de bolota e a malta consumir “informação”.
O mundo vive submetido às grandes “causas” com que o assustam ou excitam. Aqueles a quem competiria moderação e bom senso ajudam à festa.
Aguardemos a próxima vacina ou algum arrefecimento global ainda mais terrífico que o actual “aquecimento”.
Onde é que isto irá parar?
22.8.12
António Borges de Carvalho