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NÃO HÁ SOLUÇÃO
O IRRITADO não faz a menor ideia do que se está a passar a estas horas nas ruas de Lisboa e de mais não sei quantos sítios. Podem andar por lá aos gritos milhões de gregos, perdão, de pessoas, expandindo a sua justa indignação por causa da baixa de 8%, diz-se, nos salários dos gregos, perdão, das pessoas.
O IRRITADO também não faz a menor ideia se a tão odiada, e com razão, medida do governo, será má ou boa, a longo prazo. Aliás, ouvidos e lidos vários trutas da nossa praça, vindos de vários quadrantes e de quadrante nenhum, o IRRITADO ficou na mesma. Quando uns dizem que sim, parece que têm razão. Quando outros dizem que não, também parece que têm razão. O que leva a concluir a coisa dará bom ou mau ou bom resultado segundo circunstâncias que não se encontram à disposição dos teóricos. Ou que casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão.
O que sabe é que, se não formos por aqui, teremos que ir por outro lado qualquer mais ou menos equivalente. Ou seja, passarmos a gregos não leva a parte nenhuma. Só estraga ainda mais.
Os comunistas, sejam do Bloco ou do PC, estão contra. Mas esses estão sempre contra tudo. Não contam.
Os do PS, esquecidos do que fizeram e do que assinaram, tão ocos como o chefe, tomam as posições que as suas conveniências internas do momento determinarem. Para eles, estas não. Outras, não são capazes de parir. São do contra porque são do contra, e é tudo. Também não servem para ajudar a formar a opinião seja de quem for.
A habitual cáfila do PSD também dificilmente nos leva a concluir seja o que for. O Marcelo é o que é: precisa de público para ganhar umas massas e fingir que é gente. O Capucho está com uma insuportável (para ele) dor de corno por ter sido corrido do Conselho de Estado. Tem uma coisa com que nos devemos congratular: largada a câmara de Cascais por motivos de doença, curou-se de tal maneira e está tão saudável que já aceita uma camareca qualquer e acha que para tal o melhor é darem-lha a ver se se cala. A dona Manuela, um anjo que desceu aos infernos da frustração e do mau perder, deu em disparatar que nem o Mário Soares em dia de excitação.
Depois, há os “indignados”, turba multa e inorgânica que odeia por odiar mas que, convenhamos, como as coisas estão cada vez pior, outra solução não tem senão fazê-lo, com muitos políticos a pendurar-se, a ver se surfam a onda.
Daqui que só os economistas, de preferência académicos, – há-os aos magotes – pudessem ser dignos de alguma confiança da parte do IRRITADO. Se cada um diz a sua coisa, que pensar?
Outra turba multa, essa sem desculpa, defende que isto vá para o buraco, que se dê aos credores a imagem de um país falhado e perdido em parlapatices internas, sem inteligência nem futuro.
O PR, acha que vai conseguir o consenso. Com o oco? É difícil. O homem, mesmo que tenha algum bom senso, tem à perna a cáfila do Pinto de Sousa mais um magote de patarecos, todos sedentos de poder.
Condenar os 8% é fácil. O IRRITADO também condena. Mas haja um truta qualquer que diga quais são as alternativas. Somem as PPP com os ordenados dos gestores públicos, mais os do governo, dos deputados, do PR, mais as fundações, mais o imposto sobre as transacções financeiras, etc. e tal, e encontrarão, talvez, uns 3% dos 8%. Ponham os municípios a pão e água, ou seja, a viver do que cobram, e verão mais uns 2%. Já só faltam 95%.
Não, não há truta nenhum que se atreva a inventar a solução. Por uma razão muito simples: não há solução.
15.9.12
António Borges de Carvalho