A BARULHEIRA
Magna manifestação! Parabéns aos que não fizeram desacatos. Parabéns à polícia que se aguentou em São Bento, ainda que atacada à pedrada, à garrafada, etc.
E agora?
Agora, os juros sobem. Já subiram.
Agora, ninguém sabe se a próxima fatia virá ou não.
Agora, lá se vão os elogios internacionais ao governo e ao país.
Agora, vamos rapidamente passar à categoria de gregos, pelo menos na opinião de quem interessa.
A rua tem razão? Com certeza que sim. Mas tê-la-ia na mesma se não tivesse saído de casa. Todos temos razão. Todos estamos a pagar, de uma forma ou de outra, a governação socialista, a crise do euro, a especulação financeira, a falta de coragem política dos europeus em geral, etc. Todos estamos de acordo que tem que haver austeridade, mas a maior parte acha que a austeridade é boa desde que lhe não bata à porta. Há quem já tenha fome? Se calhar, sim. Mas as coisas só piorarão se passarmos a andar na rua. Não se calhar, mas de certeza.
Para a semana, os críticos reúnem-se no Conselho de Estado. A história da TSU deve estar morta. Outra coisa virá, melhor ou pior, mas a dar ao mesmo. Que os insignes conselheiros de Estado passem da crítica à solução, é coisa em que o IRRITADO não acredita, mas gostava de acreditar. Ou então, o governo insiste, e entramos em crise política. Seremos ainda mais gregos do que já estamos a ser. Enfim, pode ser que o Gaspar, apertado como vai ser, tenha alguma ideia salvífica, ou miraculosa.
A verdade é que continuamos na corda bamba, mas deixámos, ou estamos a deixar de ter rede. Um recado do IRRITADO às multidões: não agravem o pesadelo com os protestos. Senão, em vez de cortes percentuais nos salários deixará mesmo de haver salários, como esteve para acontecer há um ano e tal, sob a batuta socialista.
Felicidades!
16.9.12
António Borges de Carvalho