A COISA ESTÁ FEIA
Parece que a ministra da justiça, a propósito das buscas em casa de uns ex- membros do tenebroso governo socialista, disse que a impunidade tinha acabado.
Das profundezas das alfurjas do socialismo dito democrático, vários membros da organização que dá pelo nome de PS vieram proclamar a sua indignação. Como se o fim da impunidade, a ser verdade, não fosse uma excelente notícia. Como se, até ano e meio atrás, a impunidade não fosse a coisa mais natural deste mundo. Como se a impunidade do senhor Pinto de Sousa não tivesse sido a regra de ouro dos tempos negros em que o PS se entretinha a arruinar o país. Como se as provas que apontavam para os actos impróprios do referido cidadão não tivessem sido rasgadas, queimadas, deitadas fora. Como se as perguntas incómodas não fossem esquecidas e ninguém soubesse delas até que uns incautos magistrados se lembraram de as pôr preto no branco, ao mesmo tempo que diziam ter sido impedidos de as fazer. E por aí fora, num nunca acabar. É que, como dizia um alto demagogo da organização “quem se mete com o PS, leva”. E quem se meteu, levou. Aqueles com quem quem se meteu se meteu ficaram todos a rir.
O senhor Pinto de Sousa tirou um curso à balda, no meio das mais incríveis ilegalidades e aldrabices. E foi PM mais de seis anos. O senhor Relvas, tendo tirado um curso, talvez de favor mas dentro da lei, é objecto (e bem) de uma quase universal exigência de demissão. Ao Pinto de Sousa, quem exigiu a mesma coisa? Quem investigou, para além dos jornais?
No tempo do PS, para ir parar à cadeia era preciso, primeiro, ver a que partido pertenciam os suspeitos. É por isso que só estão na choldra os Oliveiras e Costas e os Duartes Limas (outros, se calhar, também deviam deviam lá estar). Importante é que, do PS, ninguém. O senhor Pinto de Sousa, esse, como um anjo, repoltreia-se em Paris.
Não admira que tantos altos camaradas do PS se insurjam contra a declaração da ministra, aliás expurgada do contexto, sobre o fim da impunidade. Se a impunidade acabar mesmo, onde vão parar os tipos do PS? Que se saiba,até hoje, não houve um só que condenasse as criminosas asneiras do senhor Pinto de Sousa! Pelo contrário, aceitam tudo e até elogiam. Como podem não estar histéricos com o fim da impunidade? Como se a impunidade não fosse a regra de oiro no seu ominoso tempo!
A histeria é má conselheira. Um canalha qualquer, ignara e desagradibilíssima criatura, chamou “protofascista” à ministra. A nossa senhora dos deficientes sexuais chamou-lhe ignorante, entre outros mimos. É natural. Quando a coisa começa estar feia, a melhor defesa é o ataque. Uns sábios, estes pêésses.
27.9.12
António Borges de Carvalho