DA CANGALHADA POLÍTICA
Uma militante do Bloco de Esquerda dizia ontem que os vândalos que andaram por aí à solta não passam de hordas de “neonazis” que a polícia bem conhece, mas que não distingue de “pessoas de idade” e “pais de família”.
Está a ver-se, não está? Na distinta opinião desta “cidadã”, os polícias, antes de desatar à marretada às pessoas, deveriam perguntar a cada uma: V. Exª é neo nazi, pessoa de idade, ou pai de famíia? É evidente que os neonazis assumiriam imediatamente a sua condição e levariam na touca. Pelo contrário, as pessoas de idade e os pais de família seriam tratados com merecido carinho. Assim se faria Justiça, pelo menos no democrático conceito da mulher.
Lidas as coisas de outra maneira, o que se passou foi o seguinte: a malta que fez feriado foi encanada pelos controleiros do PC e do BE até que, como cereja em cima do bolo, ouviu cordata e pacificamente o discurso do Carlos. Nas entrelinhas do discurso, lá tinha ficado o incitamento à bagunça. O mesmo se passou com as entrevistas do careca do Bloco. Depois, o Carlos foi-se embora e o careca sumiu-se. Com eles, desapareceram os coletes da greve geral e as pancartas da CGTP e afins. A coisa estava bem preparada. A tropa de choque, já sem coletes nem pancartas que a identificassem, ficou por lá, com o evidente fim de fazer o que fez. Tudo neonazis, gente de idade e pais de família, não é? Nem um só da CGTP, do PC ou do BE, não é?
Conseguido o descrédito internacional do país, devidamente minado o que, com mais ou menos êxito e mais ou menos razão, pode levar a alguma solução, estava atingido o objectivo: desorganizar, amedrontar, destruir, vandalizar. Tudo a pretexto do exercício do sacrossanto direito à greve.
Só faltava o ramalhete final:
- o Carlos, angelicamente, decretou que, nem ele nem os seus camaradas, tinham a ver com o vandalismo;
- o careca, ainda que dizendo mais ou menos o mesmo, tratou de manifestar a sua “compreensão” pelos neonazis, velhotes e pais de família. Menos esperto que o Carlos, como é evidente;
- mais cordato, o PS tratou de mandar o Soares filho à SIC manifestar, melífluo e sibilino, a mesma “compreensão”.
Quem quiser perceber, perceba.
15.11.12
António Borges de Carvalho