BOAS NOTÍCIAS. HÁ DISSO?
Boas notícias são coisa que não interessa a ninguém, ou quase.
Talvez com algum empurrão de dona Ângela, parece que se avizinham alguns investimentos alemães. A Fisipe foi adquirida por 29 milhões de euros por uma firma alemã. Há fortes possibilidades de uma fábrica da Bosh (500 empregos) vir cá parar, em vez de ir para a Roménia. Um grupo alemão estará à frente na corrida à ANA.
Em princípio trata-se de boas notícias. E, no entanto, de todos os media, parece que só um (um!) tomou a iniciativa de falar delas. Se calhar porque estava com falta de assunto. Os restantes ignoraram olimpicamente a coisa.
Consta que há várias luzes ao fundo do túnel no que diz respeito aos estaleiros de Viana do Castelo. Mas os media estão muito mais interessados em greves e protestos que em sublinhar as hipóteses de solução ou chamar a atenção para os culpados da desgraça (os socialistas dos Açores e o camarada Chavez, por exemplo).
As exportações desceram, ainda que não muito. A culpa não é da crise europeia, nem da greve dos estivadores, nem do insucesso de uma ou outra empresa. É, evidentemente, do governo.
O odiado ministro da economia anuncia vastos avanços na exploração mineira. Solícitos, os media sublinham a ingente questão dos pastéis de nata.
Os media transformaram-se em arautos de más notícias (há muitas, é certo), super interessados em esgravatar tudo o que possa prejudicar qualquer sombra de esperança e em sujar o país internacionalmente. Se for o governo a dar más notícias (ou a dizer duras verdades), então é porque o governo destrói a auto-estima dos portugueses e cria revolta social. Sendo os media a fazê-lo, diária e reiteradamente, estão a prestar um serviço ao povo e a santificar revoltas. A culpa, essa, continua a ser do governo.
O IRRITADO não quer com estas observações inculcar que o governo é a maravilha das maravilhas. É, com certeza, o menos pior dos possíveis. Já imaginaram o que seria uma crise política nesta altura? Já imaginaram o que seria um governo do Seguro ou do Costa, cheio de ignorantes e de socrélfios? Já imaginaram a dona Martins ministra da moral socialista? Já imaginaram o que seria o Jerónimo ministro da ortodoxia estalinista?
Não, não imaginaram. Mas não brinquem com coisas sérias.
15.11.12
António Boges de Carvalho