A VERDADEIRA OPOSIÇÃO
Em todas as democracias, como diria o amigo-banana, há governo e oposição. Normalmente, estão do lado do governo os partidos que lhe dão apoio parlamentar, e na oposição os que não lho dão. Às vezes há guerras, ou guerrinhas políticas, nos partidos do poder, o mesmo se passando com os outros.
Postas estas verdades de xaxa, vejamos o que se passa entre nós.
Dos partidos do governo, um anda permanentemente a ver se tira o cavalinho da chuva. Uma mariquice pegada. O outro tem um vice-presidente que faz estudos, quiçá a preparar o seu futuro político, apresentando ao povo, não ao partido, o que acha que tem que ser feito. Isto, como é evidente, sem contar com a chusma de intelectuais teoricamente afectos ou até filiados, que se entretêm a agitar o descontentamento. Os dois partidos estão no governo mas.
Os partidos da oposição dividem-se em dois grupos: o PS e os 2,05 partidos comunistas. Estes, como oposição, não contam, no sentido em que têm tropa às ordens para fazer barulho, mas é sempre a mesma tropa, não atrasa nem adianta. Na hora de votar, valem o que valem, quer dizer, pouco valem. A esmagadora maioria das pessoas sabe bem que tudo aquilo não passa de sopa requentada, velha relha. Quanto ao PS, a história é outra. Está entalado por dois lados. Primeiro, porque sabe ter sido o principal autor interno da borrasca financeira em que estamos metidos. Segundo, porque, se estivesse no poder, o que tinha que fazer era exactamente o mesmo que este faz. Ainda por cima, o que este faz é o que o PS combinou com terceiros. Por isso, não é bem oposição, tem que se limitar a esbracejar no meio da onda que arranjou.
A verdadeira oposição, a mais destrutiva, a mais demagógica, a mais poderosa, está nos chamados media, que parecem formatados pelo camarada Louça. A generalidade dos jornalistas e quase totalidade dos comentadores convidados e dos “intelectuais” de serviço faz a festa da oposição sem a mais leve sombra de sentido de serviço público ou de rigor informativo. Os poucos opinadores moderados e sérios que vão aparecendo, quer nos jornais quer nas televisões, coitados, cheiram a raminho de salsa, dão um arzinho, e pronto. São a excepção que confirma a regra.
Não me venham cá falar no domínio do “capital” sobre a “informação”. Nesta matéria, como nas outras, o que o “capital” quer é ganhar dinheiro. Para tal, dispõe de uma chusma de serventuários que sabem que o que dá é o bota-abaixo, com razão ou sem ela. Se assim não fosse, ainda havia quem publicasse os dislates e disparates do Mário Soares?
O bom senso, cá no sítio, não vende nem tem quem o aprecie.
18.2.12
António Borges de Carvalho