POLÍTICOS A SÉRIO E POLÍTICOS DA TRETA
Quando esse carrasco da Pátria que dava pelo modesto nome de Sócrates abandonou o poder, Portugal não tinha ninguém que lhe emprestasse um tostão, não havia dinheiro para pagar os ordenados aos funcinonários do Estado nem para o que fosse das gigantescas dívidas que o fulano nos tinha deixado. Encerrava-se o criminoso capítulo aberto por Guterres, a que Ferreira Leite e Bagão Félix tinham querido pôr travão. Destes, a primeira foi apeada pelo dito Sócrates em eleições, o segundo pelo golpe de Estado perpetrado pelo Presidentre Sampaio - talvez a mais sinistra figura do socialismo nacional.
Um ano e meio passou desde que, finalmente, os portugueses mudaram o sentido do seu voto. Há muito quem se queixe, com razão e sem ela, dos sacrifícios que têm sido exigidos a todos nós. Sobretudo na voz da classe política tais sacrifícios aparecem propagandeados à exaustão, com exagero e demagogia q.b. Há até uma cáfila de frustrados, pachecos, capuchos, carreiras & Cª, que se entretêm a condenar o que, com uma coragem e um desassombro que não são habituais entre nós, tem sido feito pelos seus próprios companheiros. Sem que, rara excepção, sejam motivados por interesses eleitorais.
Valeu a pena? Parece que sim. Um país que, há menos de dois anos, não tinha acesso ao crédito, vai aos mercados vender 2.000 milhões de dívida. Vende 2.500 , e aparecem compradores para mais 10.000. Com juros mais baixos do que imaginável seria. Por outro lado, Portugal pediu, e os credores aceitaram, um prolongamento do prazo de pagamento do resgate a que a política socialista nos condenou.
Parece que, afinal, o caminho, sendo duro, não é tão asnático como tem sido dito, não é?
Agora as más notícias, umas normais e expectáveis, outras anormais, burras, irresponsáveis, próprias do pior que há entre nós.
As normais vêm de onde outra coisa não era de esperar, do PC e do BE. Como são contra tudo, excepto o socialismo revolucionário do camarada Gonçalves, que esperar deles senão as cassetes da ordem?
As anormais, burras, irresponsáveis, próprias do pior que há entre nós, surgem do PS. Foram patéticas as investidas de ontem, tanto do patarata Zorrinho, como, ó céus!, do oco Seguro. Acham que, se nos foi dado mais prazo, foi porque o PS assim o quis, e o quis há muito. Os dois tristes fanáticos acham que a) o adiamento conseguido foi o que eles exigiam, tratando-se por isso de um seu triunfo, e b) que se o adiamento foi preciso, tal se deve ao falhanço da política do governo. Espantoso! É que, primeiro, o adiamento teve natureza diferente do que o eles defendiam e, segundo, os alarves não percebem que, se tivesse sido pedido quando eles queriam, teríamos levado com os pés, como é evidente. O que se conseguiu, ou vai conseguir, fica a dever-se, como também é evidente, à disciplina orçamental do Dr. Gaspar, ao cumprimento das metas acordadas, à atmosfera de confiança que, ao longo deste dificílimo ano e meio, foi possível inalar nos credores, ao facto de termos sabido negociar nos corredores, a termos um “sócio” de peso – a Irlanda – e, como é natural, a algum desanuviamento do clima europeu em geral.
Ao PS nada se deve, a não ser a situação a que nos levou e que, estupidamente, a tenebrosa organização se recusa a reconhecer. Imagine-se o que seria se esta gente, destituída de inteligência, de bom senso, de sentido das realidades, algum dia chegasse ao poder.
23.1.13
António Borges de Carvalho