QUESTIONANDO
Ponhamos uma questão aos nossos doutos magistrados: já viram que, entre políticos, governantes, PR e PM incluídos, em toda e qualquer sondagem são vossas execelências quem os portugueses mais abominam?
Outra questão: se já viram, já pensaram nisso’
Outra ainda: se já pensaram nisso, já pensaram que a culpa, se calhar, também é vossa? Já pensaram que não há quem veja que vossas excelências se colocaram na mesma posição que os maquinistas da CP, os motoristas da Carris, os estivadores, etc? Já pensaram que não há quem pense que vossas excelências deviam tratar do vosso munus mais do que tratam das vossas reivindicações?
Dados os resultados que por não há quem não veja, é de pensar que nunca pensaram em nada disto. É de pensar que, simplesmente, não pensam na vossa própria dignidade, muito menos na daqueles a quem julgam.
Isto é triste, é mau, muito mau. Porque as pessoas perdem a consideração por quem a deveria merecer, olham-vos como inúteis e prejudiciais, acham que a vossa acção é um entrave ao normal fluir das questões sociais, uma ajuda à impunidade, uma fonte de descrença e de paralisia. Perdem o respeito devido à vossa função, tendo sido vós os primeiros a perdê-lo.
Vejam-se ao espelho, gaita!
Olhem os jornais de hoje, neste campo iguais aos de quase todos os dias. Três anos passaram desde a bronca do BPP. Três anos levaram os magistrados a formular acusações. Três anos em que os prejudicados prejudicados ficaram, três anos em que toda a gente sabia que havia moscambilha na coisa, toda a gente menos vossas excelências. Mais os anos sem fim que vai levar a julgá-los. Olhem o caso BPN. Quanta água já passou por baixo das pontes sem que julgamento algum tenha sido feito? Tudo cai de podre, o nosso dinheiro incluído, e não há quem julgue? E o acusado é só um?
Que diabo, trabalhem!
Olhem um tal Macário, que foi condenado - muitos anos depois daquilo por que o condenaram - mas parece que não há quem seja capaz de o fazer cumprir a sentença. Culpado ou inocente, está-se borrifando em vossas excelências, e vossas excelências ficam-se, na calma, como se nada fosse. Têm poder para mandar prender as pessoas, mas não têm para tirar o tal Macário do cadeirão da câmara. Será verdade? Talvez, mas era a problemas como este, que mina a vossa autoridade e a do Estado com ela, que se deviam dedicar, em vez de andar, como qualquer estivador, a fazer farras sindicais. Tomem consciência, raio!
12.2.13
António Borges de Carvalho