GRÂNDOLA
O conceitos democráticos são as vítimas predilectas de muitos. É ver as “justificações” que por aí andam, as mais rebuscadas e fantasiosas, sobre a história da cantiga que voltou à tona. A total ausência de escrúpulo democrático das televisões, rádios e jornais, transforma três ou quatro díscolos de punho erguido a cantar a “Grândola” numa “legítima manifestação de descontentamento popular”, e faz a porcaria ribombar dias inteiros, a metendo-a, com loas, na cabeça de cada um. Um bando de uma dúzia de estudantes impede um discurso de um ministro, e logo o “serviço” público lhe dá toneladas de direito de antena. Outro ministro, aliás de grande prestígio, sofre em silêncio a desafinação de uma escumalha qualquer. A orquestra “informativa” entra em funções e repete vezes sem conta,dias sem conta, horas sem conta, páginas sem conta, a cassete dos “espontâneos” fascisto-comunistas.
A plêiade de vozeadores dos partidos comunistas é contemplada com horas de “justificações” e elogios.
Pior, muito pior do que isso, é o silêncio cúmplice do Seguro & Cª (com raras, honrosas mas não institucionais excepções) ou as meias palavras com que não conseguem disfarçar o seu contentamento.
A Primeira República está de volta. Só faltam as bombas.
23.2.13
António Borges de Carvalho