OS NOVOS PINTA PAREDES
Nos gloriosos tempos do tenebroso PREC, a bagunça generalizada cobriu a cidade de “murais” com as parangonas do “Grande Educador”, as ameaças da UDP, a loas à Albânia, o camarada Mao, e até umas tímidas borradas do PPD, do PS, etc. A desordem instalada “justificava” a coisa.
Trinta anos depois de muita limpeza, repintura, etc., a câmara de Lisboa, sob a alta direcção do camarada Costa, resolveu dar largas à “arte urbana”, com fornecimento de meios mecânicos, tintas e demais pertences, tudo à conta dos lisboetas. O fenómeno tomou proporções gigantescas. Uns restos de pudor levavam a que a mesma câmara, ainda que fechasse os olhos às actividades dos “artistas”, considerasse oficialmente que actividade não seria seria desejável.
Esta noite, a inteligente rapaziada do “Que se lixe a troica” aproveitou a noite para pintar uma mostrenguice qualquer ali para a zona das Amoreiras. Os jornais, esta manhã, deram justo realce à nobre iniciativa, com laudatórias fotografias e “inocentes” textos. A polícia municipal deve ter assistido com o maior desvelo à manifestação “artística” em curso, constando que o camarada Costa, escondido num carro do lixo, ria a bandeiras despregadas e dizia ao motorista: “tás a ver, ó Gaudêncio, isto é que é arte! O Passos que se lixe, hi hi!”.
Durante quantos anos teremos que ofender os olhos com aquela porcaria é coisa que ninguém se atreverá a prever. A câmara, isso é certo, não mexerá uma palha para limpar o muro.
25.2.13
António Borges de Carvalho