GERONTOFALTADEJUÍZO
Já há pouco quem não tenha percebido que o nosso ex-PR Soares tem os neurónios ferrugentos. Em alternativa, terá tanto, tanto ódio naquela cabeça que todos os seus conceitos democráticos foram por água abaixo.
Desta feita, resolveu colocar-se de alma e coração “na rua”, considerando que as minorias que nela berraram são suficientes para pôr em causa a legitimidade do governo. Isto porque, admire-se a inteligência e a originalidade da coisa, “o povo é quem mais ordena”. Qual sufrágio universal qual carapuça, o que interessa é que “povo” é quem vai ao barulho, pertencendo os que ficam em casa a outra categoria que não povo. Só falta dizer que o melhor é voltar ao voto censitário da primeira República e conferir, desta feita, a qualidade de votante a quem mais barulho fizer. O camarada Jerónimo não diria melhor.
Ou Soares andou uma vida inteira a falar em democracia, pluripartidarismo, maiorias, mandatos, etc., uma vida inteira a aldrabar toda a gente - dependendo do que lhe convinha - ou ficou de tal maneira perturbado por ver os seus “filhos” fora do poder que lhe veio à tona o ódio visceral que o anima e perdeu definitivamente a cabeça. Apesar disso, continua a ter quem lhe publique – como hoje faz o “Público” - as asneiras e dislates, iguais aos do Boaventura, do Capucho, dos tacos-de-pia do BE, do sinistro Carlos, do Pacheco, do Jerónimo e de tutti quanti que se dedicam a bolsar “soluções”, quer dizer, a mesma solução: acabar com a austeridade, aumentar salários e pensões, relançar a economia, etc., e correr com a troica! Cassete tão completa e tão estúpida como o “pensamento” de quem a defende.
Numa de alta compreensão e em abono da verdade, diga-se que é o que faz a Constituição que esta cáfila transformou numa espécie de Corão: transformar em direito de cada um aquilo que a comunidade tem que pagar. É o mesmo que prometer onze mil virgens aos fiéis que derem cabo dos que o não são. No caso vertente, os infiéis são os que ficaram em casa ou que têm o desplante de votar em quem o Soares não gosta.
O camarada Soares, com a originalidade com que usa presentear os papalvos, também diz o que toda a gente sabe: é preciso encontrar formas de relançar o desenvolvimento económico. Grande novidade! Depois, entra no habitual delírio: se a economia não reage, a culpa é do governo. Não é do PS, que nos deixou a pão e laranjas. Não é do PS, que negociou o espartilho que nos limita e coage. Não é do PS, que desbaratou milhões e milhões para disfarçar o desemprego estrutural. Não é do PS, que estatizou o nosso dinheiro da previdência e pôs o Estado a gastá-lo no que lhe deu na gana. Não é da sua bem amada “Europa”, que mantem apertado o garrote.
Antes que as actuais negociações com os autores do programa que o PS tornou inevitável dêem algum resultado positivo, é preciso preparar o terreno. Os Soares da nossa praça, acima de tudo, odeiam a ideia de que este governo possa vir a ter sucesso seja no que for e, se tiver (mais) algum, é preciso preparar o terreno para transformar qualquer vitória numa derrota como outra qualquer. Nada melhor que conseguir acabar com o governo antes que as coisas possam correr melhor, ou menos mal.
Para tal, a turba multa dá um jeitão, não é, dr. Soares? E se recuperasse algum juízo?
4.3.13
António Borges de Carvalho
E.T. Não acabaria bem se não referisse a soaresca ameaça: “Se não for a bem (a queda do governo)... será a mal, com o povo indignado, como aconteceu no fim da monarquia...”. Lindo! Soares, se fosse sério, devia esclarecer que quem, na altura, andava indignado não era o povo, eram bandos de vândalos, desordeiros e “intelectuais” maçons, jacobinos e violentos, que destruiram a democracia vigente e condenaram o país a sessenta e quatro anos de bagunça, violência e ditadura.