FILOSOFIA SINDICAL
Há para aí um programa governamental destinado a arranjar empregos para pessoas especialmente carenciadas, beneficiários do chamado rendimento social de inserção, etc.
Dizem os números que há cinquenta e sete mil pessoas já incluídas nestes programas. Tais pessoas trabalham em organismos públicos e em instituições de carácter social.
Dir-se-ia que, no meio de tanta desgraça, a iniciativa está a dar alguns frutos, positivos mesmo que modestos.
Positivos? Nem pensar! Não há nada de positivo nesta história. Bem pelo contrário. Os ilustres sindicatos tonitruam que se trata de coisa “perversa”, quiçá maléfica. Porquê? É simples: porque “evitam a criação de postos de trabalho”, mais não servindo que para “manipular as estatísticas do desemprego”.
Venha o mais pintado perceber isto. Na nacional sindical inteligência, pôr cinquenta e sete mil pessoas que não tinham nada que fazer a fazer alguma coisa, pôr a ganhar algum, mesmo que pouco, cinquenta e sete mil pessoas que não ganhavam nada ou quase, é coisa maléfica e aldrabona.
Talvez não vamos lá com este governo. Talvez não fôssemos, ou ainda menos fôssemos, com outro governo qualquer. Com o que, de certeza certezinha não vamos a parte nenhuma é com os sindicatos que temos. Porque é que esta gente não vai chatear outro ? Porque é que os trabalhadores sindicalizados não percebem que estão a ser enganados, não correm com os dirigentes que têm e não vão aprendeer alguma coisa com os que têm sindicatos merecedores de consideração, que os há por essa Europa fora e com bons resultados? Será que ser trabalhador sindicalizado é sinal de estupidez, ou que a “filosofia” dos nossos sindicatos é a dos tempos da revolução industrial?
14.3.13
António Borges de Carvalho