E COMO É QUE SE SAI DESTA?
Para um lisboeta, pode não ser fácil saber qual o melhor dos candidatos à Câmara. Saber quais são os piores é de caras.
Nenhum munícipe no seu perfeito juízo pode ter hesitações a tal respeito. De uma forma ou de outra, todos os candidatos poderão fazer passar a ideia de são, pelo menos, amigos da cidade. Todos, menos dois.
Quem está comprometido com o inacreditável aeroporto da Ota, pode ter estranhas quanto especiosas opções estratégicas. Pode estar enganado, e ter desculpa para tal. Pode estar comprometido com políticas que nada têm a ver com os interesses da cidade. O que não pode é dizer que é amigo de Lisboa, que aposta no seu futuro, que quer o melhor para os alfacinhas. Pois se se propõe obrigá-los a fazer setenta quilómetros e gastar um dinheirão para chegar ao aeroporto, se se propõe desaproveitar as infra-estruturas de que a cidade já dispõe, se se propõe afastar de Lisboa milhões de visitantes, se se propõe acabar com as dormidas de stop over, se se propõe aniquilar a as vantagens relativas que a cidade, caso raro na Europa, poderia ter como hubb internacional, então, minhas senhoras e meus senhores, Costa não. Um tipo que inventou as mais rebuscadas dificuldades e cortes financeiros para as autarquias, não pode, não deve, não merece ser autarca. Venha outro. COSTA, NÃO!!!
Um fulano que embarga a principal e a mais fundamental obra pública de Lisboa, que provoca prejuízos de milhões à cidade, que vê as suas pretensões consideradas improcedentes, que não se propõe pagar à cidade os prejuízos que lhe causou. e que tem a monumental desonestidade de proclamar que defendeu os interesses do município, deve ser, por qualquer cidadão com um mínimo de lucidez, liminarmente posto de lado. Para além deste caso, o Fernandes é, manifestamente, comprovadamente, de forma pública e notória, um delator, um bufo, um PIDE après la lettre, um ser abominável, reprovável, que usa a Justiça para fazer valer o que perde a votos, que armadilha terceiros para provar as suas culpas (mesmo que as haja). Uma criatura repugnante. Venha outro. FERNANDES, NÃO!!!
Eis-nos, pois, só com dez candidatos. Um deles não faço ideia quem seja. Dos outros, temos um fadista meio tonto e analfabeto, um nazi com estrambólicas ligações ao Opus Dei, uma independente a sublimar frustrações e a pensar que as pessoas se esqueceram do que andou a fazer em Cascais, um maoista requentado e palavroso, um senhor que ainda não percebeu que ou volta para o CDS ou não tem saída, um comunista, coitado, que sabe muito de romances policiais e nada de gestão autárquica, hesitante entre o Mickey Spilane e o Karl Marx, enfunado como um peru a dizer inanidades, e um homem a querer salvar a honra ofendida, além dos candidatos do PSD e do CDS.
O PSD está a contas com as suas próprias asneiras. Já percebeu que, quando decidiu dar cabo dos seus em vez de aplicar todas as suas forças a defendê-los, ofereceu o campo ao inimigo e se meteu num buraco quase tão grande como a passadeira vermelha que ofereceu para a caminhada triunfal do ex-engenheiro. Arranjou um cordeiro para imolar na festa da antropofagia, e pronto.
O CDS está numa de afirmação, o que só lhe fica bem. Tem um candidato para queimar, o que só lhe fica mal.
Resta o Independente Carmona Rodrigues, bode expiatório das frustrações e das falsas moralidades do senhor Mendes.
Se ainda fosse possível juntar o Negrão, o Correia e o Carmona, talvez tivéssemos uma safa. Mas não é.
A única hipótese de salvar Lisboa da hecatombe da Ota e não só, é denunciar os malefícios do Costa, com o objectivo de pôr ou o Carmona ou o Negrão na presidência, e fazer, após eleições, a coligação que as teria ganho se o PSD ainda existisse, se o CDS andasse noutra, se o Carmona não tivesse sido tão maltratado.
António Borges de Carvalho