DESAVERGONHADA TRAPALHICE
Monumental pessagada esta dos mandatos autárquicos. Os partidos parlamentares, mais irresponsáveis que nunca, recusam clarificar a lei. Não porque a lei seja inclarificável, que o é e pelos próprios, mas porque cada um puxaria, não pela memória do que fizeram anos atrás – foram poucos, os anos -, mas pelas conveniências políticas de cada um, ou seja, pela mossa que querem causar aos outros. Mais rasca é difícil.
Pior: os aparatchiques de serviço põem processos judiciais, esperando que os tribunais façam a política que eles têm medo, ou preguiça, de fazer.
Pior ainda: há tribunais que aceitam, felizes, “julgar” esta matéria!
Por outras palavras, há quem peça a tribunais que façam política, e há tribunais que aceitam fazer política, pura e dura política. Segundo os jornais, há já duas sentenças proferidas, uma a dizer que é preto, outra a dizer que é branco.
Vá lá, parece que há um tribunal que se considera incompetente na matéria e que, num raro assomo de dignidade, mandou arquivar as queixinhas.
Mas as providências cautelares e outras martingalas vão proliferar, como é evidente. Se pensarmos que os maiores interessados na bagunça são o PS e o BE, perceberemos a grandeza da proliferação da pessegada e falta de vergonha. Vai haver diligências, recursos e mais recursos, e a mais completa das panóplias a que a “justiça” nacional nos vem, há anos, habituando.
Como se vai fazer eleições autárquicas no meio desta trapalhice é coisa que nem o mais imaginativo imaginará.
25.3.13
António Borges de Carvalho