CARTA ABERTA
Ao Exm.º Presidente da Ordem dos Engenheiros
Senhor Presidente
Como é natural, a Ordem a que V.Exª mui dignamente preside impõe, estatutariamente, determinadas condições para a admissão de membros.
Em qualquer sociedade humana, de par com as condições de admissão, outras existem para o efeito contrário, isto é, para a exclusão de membros previamente admitidos.
Presumo que a Ordem dos Engenheiros não será excepção a esta regra.
Normalmente, os motivos de exclusão (demissão, expulsão, suspensão…) integram os que se referem a ofensa à dignidade da instituição, a reprovável ou escandaloso comportamento público, a atitudes censuráveis, etc., acrescendo, como será o caso da Ordem dos Engenheiros, falhas ou manifestações de incompetência técnica que possam pôr em causa a credibilidade da agremiação ou dos seus membros, minando gravemente a confiança técnica de que é suposta gozar.
Um senhor de nome Lino, que aos quatro ventos propagandeia a sua pertença à Ordem, toma atitudes de palhaço perante as câmaras de televisão, atitudes tão mais condenáveis quanto feitas tendo esse membro da Ordem vestida a pele de ministro.
De facto, ao usar, em favor de uma decisão – que devia ter fundamentos técnicos próprios de um engenheiro – argumentos gritantemente falsos, despidos de qualquer sombra de rigor ou preocupação técnica, apalhaçados e ofensivos para milhões de pessoas, o senhor Lino não só põe em causa a credibilidade técnica da Ordem dos Engenheiros, como a sua dignidade, bom nome e reputação, causando justificado escândalo público e corrompendo moralmente a postura dos engenheiros em geral e da sua Ordem em particular.
Como é evidente, não compete à Ordem demitir o ministro Lino. Os responsáveis pela manutenção no poder de um palhaço nada têm a ver com a Ordem e, infelizmente, podem deixar-se apalhaçar à vontade.
Mas compete, com certeza, à Ordem, apreciar a manutenção, ou não, nela, de um cidadão que, chocarreiramente, dá mostras da mais repugnante indignidade.
Razão pela qual, senhor Presidente, venho exortá-lo a que não se deixe apalhaçar, nem à Ordem, solicitando-lhe, por isso, queira ter a amabilidade de tomar as medidas estatutárias que necessárias forem para expulsar tal criatura. Se a Ordem pela qual V.Exª é responsável ficar quieta nesta triste circunstância, sairá dela tão apalhaçada quanto o seu apalhaçado membro.
Com os melhores cumprimentos
António Borges de Carvalho