PLÁGIOS
Há gente que ganha fama não se sabe bem porquê.
Olhem o Colombo: quando partiu, não sabia para onde ia; quando parou, não sabia onde estava; quando chegou, disse que tinha ido onde nunca tinha estado. E, no entanto, é universalmente reconhecido como o grande descobridor do novo continente, a América (terá abicado a uma ilhota a que chamou Índia!). Mas a história e os castelhanos fizeram dele o grande “Almirante do Mar Oceano”. Enriqueceu que nem um doido. Ainda hoje a sua família, os Colon y Carvajal, vivem como príncipes, cheios de massa, e o mundo inteiro se curva perante o ingualável feito do marujo.
É assim a História, ou a história.
Vem isto à colação por causa de um nosso mini-Colombo: o ilustre, douto e mui influente advogado portuense que dá pelo nome de Miguel Veiga. Este famoso causídico parece ter estado numas reuniões com os fundadores do PPD, hoje PSD, ou PPD/PSD. Depois, nunca mais fez nada, ou seja, nunca se candidatou a nada, nunca exerceu cargos, nunca arriscou um milímetro do seu sossego por causa do partido ou do país. A não ser... a não ser quando alguém precisasse de uma “boca” mais ou menos destrutiva. O homem fez a vida negra ao Sá Carneiro, ao Balsemão, etc. Quando uma voz “autorizada” – porquê? – era precisa para chatear, das nortenhas alturas descia a voz de Veiga, a diminuir estes e aqueles.
Não arrisca, não trabalha, não colabra, prega. E tem quem o ouça! No PSD!
A brilhante personalidade é hoje objecto de notíca, algo diferente das habituais lições de moral em que é especialista. É que o acusaram de plágio. A Primeira Instância sentenciou “culpado”. A Relação absolveu-o. Tinha publicado um texto (50 linhas!) sem aspas nem itálico, começado pela frase Por mim, faço notar que, a que se seguia o texto em causa. No fim, acrescentava apud, seguido do nome do autor e da sua obra. Para o juiz da primeira instância, era evidente que a falta de aspas ou itálico, mesmo com o final apud, se destinava a disfarçar a autoria, uma vez que, como é evidente, o leitor não tinha forma de identificar o que era de sua autoria e o que não era. Plágio! A Relação achou que o apud era bastante, ainda que não se soubesse o que identificava. Inocente!
A lisura intelectual do senhor ficou salvaguardada, limpa. Ainda bem. Rezam as crónicas, porém que, quando escrevia no “Expresso”, foi corrido por ter sido apanhado duas vezes a plagiar terceiros.
Que interessa isto? Nada. A Relação acha-o inocente. O “Expresso” não o processou, e a coisa já lá vai há muitos anos. O douto senhor continua impoluto e prestigiado como merece!
14.5.13
António Borges de Carvalho