UM DESCANSO
O telejornal teve que ser visto mais cedo por causa do imperdível Espanha-Itália. Há que aproveitar o intervalo para dar parte da enorme esperança que poderá invadir os corações dos portugueses. É que vai ser um descanso: o Carlos, no rescaldo de mais um retumbante triunfo, veio resolver de uma penada todos os problemas da Nação.
Disse ele que, se as propostas da CGTP/PC fossem aplicadas teríamos, cito de memória e por defeito: o salário mínimo aumentado, o poder de compra dos pensionistas e reformados também, acabava o desemprego, acabava a emigração, abriam-se inumeros e largos horizontes aos jovens, a economia seria posta a funcionar, etc. etc.
Não é uma maravilha? Imaginem como é simples: mais cedo ou mais tarde, se as massas, entretanto, não ganharem o poder na rua, teremos eleições. Bastará, então, votar CGTP/PC para que tudo se resolva. Eureka! Viva o Carlos, futuro vice-primeiro ministro do Jerónimo, com o Pacheco Pereira a ministro da inducação, o Capucho a secretário de estado da cultura, o Vasco Lourenço ministro da tropa, o Viriato ministro da inteligência, a Constança da TV na condição femenina. Os quatro últimos para dar um ar pluralista à coisa, os restantes nomeados pelo centralismo democrático, que com coisas sérias não se brinca.
Quando a esmola é grande o pobre desconfia. E é uma pena, porque o Carlos, educado nos meandros do materialismo dialético, nunca se engana. Punha uns tipos a tratar da rua, nunca mais haveria greves, Caxias era recondicionada com larga cópia de instrumentos, simbiose perfeita entre a tecnologia do KGB e a da PIDE, e tudo seria uma maravilha.
Fosse isto um país verdadeiramente pràfrentex e outro galo cantaria.
27.6.13
António Borges de Carvalho