ENTRE A ESPADA E A PAREDE
Com eleições antecipadas poria-se fim a esta situação, disse há bocadinho o intragável oco, em clara demonstração da sua ânsia de poder e da profundidade do seu analfabetismo.
Leia-se o que esta manifestação de patriotismo quer dizer e o que o cumprimento da vontade do oco significa, ou significaria:
a) Este mês chega a troica. Negociará com um governo demitido;
b) A negociação conduzirá, naturalmente, a produção de legislação para que um governo de gestão não tem poder;
c) A tranche de carcanhol que a troica desbloquearia não será desbloqueada;
d) Os mercados ou deixam de emprestar ou emprestam em condições leoninas, o que estava ultrapassado e deixará de estar;
e) O país ficará quase três meses sem governo, ou com um governo impedido de fazer seja o que for de importante;
f) Lá para o fim de Setembro, se tudo correr bem, haverá novo governo;
g) Se tudo correr bem, o que não é provável, lá para Outubro ou Novembro, o novo governo começará a governar;
h) Em Fevereiro ou Março de 2014 será discutido o orçamento para… 2014, o qual, se tudo correr bem, entrará em vigor em Abril;
i) Entretanto, a bancarrota é garantida, os salários e as pensões, se se conseguir dinheiro para os pagar, levarão mais uma colossal bordoada, os impostos terão que subir outra vez, o desemprego, que já estava a baixar, atingirá píncaros nunca sonhados;
j) E lá virão outra vez os camaradas da troica com mais uma batelada de exigências, a fim de nos trazer mais uma batelada de massa (e de dívida!);
l) E lá continuaremos, por mais uns anos e maus, sob controlo do exterior, ainda por cima de um exterior que não tem ponta por onde se lhe pegue.
É isto o que o patriota oco e iletrado e a sua massa associativa querem? É evidente que sim. Que se lixe o País, desde que a malta tenha uma oportunidade de voltar ao poder antes de tempo!
O País está entre a espada e a parede. De um lado, os sequiosos de poder, a quem o senhor Portas ofereceu uma ocasião dourada para trampolinar. De outro, a pessegada que o mesmo arranjou, preparando-se agora para fazer exigências malucas e para bater o pezinho maroto, cheio de repenicado nervoso.
O IRRITADO conhece, de ciência certa, as monumentais frustrações e invejas que o facto de nunca ter conseguido ser o grande partido à direita do centro (hoje nem sequer se sabe ao certo o que aquilo é) provoca no CDS, em relação ao PSD. Mas, que diabo, não haverá na organização alguma alma caridosa que ponha aquilo na ordem?
3.7.13
António Borges de Carvalho