EM TERRA DE MALUQUINHOS
Em meia dúzia de dias vários sinais, de loucura se tornaram evidentes. Não, meus senhores, não estamos a falar do Gaspar, do Portas ou do Cavaco. Nada disso. Falamos do poder judicial e judiciário.
O IRRITADO já fez as devidas honras ao caso exemplar do cão Mandela, assim baptizado após se ter banqueteado com um bebé e, mudado o nome, levado com pompa e circunstância para um lar de cãezinhos com stress pós traumático.
Mais ou menos na mesma altura, um tribunal superior(?) pariu uma das mais notáveis sentenças de que há memória sobre uns tipos que, bêbados como uns carros, espetaram a camionete do patrão num barranco. O colectivo resolveu não só condenar o patrão a readmitir os alcoólicos, como tecer doutas considerações obre a utilidade da bebedeira para a eficácia do trabalho e para a dignificação dos tão nobres praticantes da modalidade.
A fechar esta pequena série de sérias decisões, a seriedade judicial manifestou-se mais uma vez no seu melhor. Nem mais nem menos que deduzindo a sua oposição ao fecho da Maternidade Alfredo da Costa, valendo-se de extraordinária argumentação exclusivamente política. Mesmo para quem não faz ideia se fechar a maternidade é ou não boa ideia, a decisão do fecho é meramente administrativa, não se destina, como é evidente, a pôr as parturientes (uma espécie em extinção) a dar à luz no meio da rua, nem a negar-lhes quaisquer cuidados, nem a nada de nada que tenha a ver com os tribunais.
É de estranhar que as instâncias que têm poder disciplinar sobre os magistrados não metam estes, como muitos outros, na devida ordem, não os chamem à pedra, não os impeçam de ser politicões e não lhes ensinem quais são as suas funções e limites, já que, evidentemente, não aprenderam nada na faculdade nem naquela coisa que é tida por escola de juízes. Facto é que nem sequer da vida social têm qualquer noção ou que tenham qualquer resquício de bom senso.
4.8.13
António Borges de Carvalho